Famoso pelos seus debates acesos e confrontos com rivais, Pedro Guerra deixa um legado marcante no jornalismo desportivo e na política
Pedro Guerra, um dos comentadores desportivos mais conhecidos e controversos da televisão portuguesa, faleceu aos 58 anos, vítima de uma longa batalha contra o câncer. A sua morte, na passada sexta-feira, deixa uma lacuna significativa no mundo do jornalismo desportivo, especialmente no universo da televisão, onde se tornou uma figura central, tanto pelos seus conhecimentos como pelos seus embates intensos e muitas vezes polémicos com comentadores de clubes rivais.
Guerra era um benfiquista fervoroso, o que ficou claro em todos os seus programas na TVI, particularmente no “Prolongamento”, onde se tornou uma figura popular e divisiva. Ele não escondia a sua paixão pelo Sport Lisboa e Benfica, o que o levou a protagonizar debates acesos com defensores de clubes rivais, como os sportinguistas Eduardo Barroso e José de Pina, ou o portista Manuel Serrão. Esses momentos de confronto, muitas vezes intensos, foram um dos aspectos mais memoráveis da sua carreira e solidificaram a sua imagem como um comentador imparcial. No entanto, ele sempre foi uma figura polémica, sendo, em várias ocasiões, alvo de críticas e acusações por parte de outros membros do meio desportivo.
Além de sua carreira como comentador, Pedro Guerra também se destacou pelo seu envolvimento com a política e o jornalismo. Começou sua carreira no mundo da comunicação como arquivista no extinto jornal O Jornal e foi, mais tarde, jornalista no Independente, onde foi incentivado a seguir essa carreira por Paulo Portas. Quando Portas assumiu funções no governo, nomeado ministro da Defesa, Guerra acompanhou-o como assessor de imprensa, reforçando ainda mais o vínculo entre o jornalista e o político. Essa relação teve grande influência na sua trajetória e no seu ingresso no mundo do jornalismo desportivo.
Na televisão, Pedro Guerra também foi diretor de conteúdos na Benfica TV (BTV), um papel que lhe permitiu influenciar diretamente o conteúdo transmitido pela estação e reforçar ainda mais a sua ligação ao Benfica. No entanto, a sua carreira foi marcada por momentos de controvérsia, como quando denunciou o caso do camião de pneus desviado por Luís Filipe Vieira, algo que gerou grande discussão e acirrou ainda mais as tensões entre os clubes rivais.
Porém, as polémicas não ficaram por aí: Pedro Guerra também enfrentou acusações e processos judiciais, incluindo um caso em que foi levado a tribunal em 2003 por difamação após declarações relacionadas com questões de arbitragem e dirigentes do FC Porto. Ele frequentemente se referia a si mesmo como uma vítima de perseguição por parte dos líderes do FC Porto, o que apenas aumentava a sua notoriedade e a sua posição como uma figura divisiva no futebol português.
Com a sua partida, Pedro Guerra deixa para trás uma carreira marcada por conquistas e controvérsias, mas também por uma imensa paixão pelo futebol e pelo Benfica. Sua ausência será sentida tanto no jornalismo desportivo quanto na política, onde marcou presença de maneira única. A sua trajetória, repleta de momentos intensos e de confrontos memoráveis, continuará a ser recordada por muitos, especialmente pelos adeptos que o viam como um defensor incansável do seu clube.