Nuno Cerejeira Namora aponta o dedo a Lourenço Pinto nos problemas da AG do FC Porto.
Nuno Cerejeira Namora, advogado de Jorge Pinto da Costa, antigo presidente do FC Porto, que morreu no inicio deste ano aos 82 anos, foi ouvido esta quarta-feira no Tribunal de São João Novo, no Porto, na 18.ª sessão do julgamento da Operação Pretoriano, em substituição do seu cliente.
“Vivi muito mais com Jorge Nuno Pinto da Costa depois de perder as eleições do que antes disso. Houve quem dissesse que Pinto da Costa morreu por causa da doença, da derrota por 80 por cento nas eleições ou da auditoria forense, mas posso dizer que Pinto da Costa morreu por Fernando Madureira estar preso, ele tomava as dores do Fernando. Pinto da Costa achou que o Fernando estava preso por causa dele”, afirmou o advogado.
“Ele que me desculpe, mas há 30 anos não achava piada ao Fernando Madureira, não gostava do comportamento dele, nem da claque, mas com o tempo fui mudando de opinião. De há 10 anos a esta parte tive o prazer de ser advogado do Fernando em alguns processos judiciais. Tenho de dizer bem, não é santo, nem é pecador. Também tenho os meus defeitos, ele terá os dele, tendo nascido onde nasceu, acho que as pessoas que nasceram onde ele nasceu, algumas morreram, outras estão presas ou vão estar. Mas ele estudou, casou, tem vários filhos, uma família impecável, soube dar aos filhos a educação que não recebeu. Fez pela vida, é um rapaz esperto, empreendedor, criou o merchandising dos Super Dragões, é sócio de um restaurante, crente a Deus, tem um amor terrível pelo FC Porto, deu vida muitas vezes ao FC Porto, é um líder extraodinário da claque. Há quem não goste de claques, mas eu gosto de estar na claque, cheira um bocado a droga, mas gosto de estar com eles. A senhora juíza não sabe a quantidade de problemas que há numa claque e a polícia não entra lá, é o Fernando que resolve. Tem o defeito de ser vaidoso e está aqui a ser castigado por isso. Tenho quatro filhos e tenho muito orgulho em ter o Fernando e a Sandra a jantar em minha casa com os meus amigos todos”, prosseguiu.
“A decisão de convocar a reunião do Conselho Superior para deliberar sobre os estatutos foi um erro. A teimosia de levar ao Conselho Superior e à Assembleia Geral foi do doutor Lourenço Pinto”, indicou o advogado, explicando: “Ele tem 88 anos e um problema de surdez. Não ouviu metade do que aconteceu na AG e não ouviu nada do que a Mesa da AG lhe disse.”, garantiu.
“Desde a tomada de posse até às vésperas da fatídica AG, a mesa da AG nunca foi convocada pelo doutor Lourenço Pinto para reuniões, por exemplo para justificar ausências de conselheiros em determinadas reuniões. Percebeu-se que havia tendências, as redes sociais estavam a arder, havia uma devassa na família portista. Ainda não estava marcada a AG e já recebíamos emails de páginas ligadas a André Villas-Boas a fazer da votação dos estatutos na AG umas primárias. Falei com Lourenço Pinto quatro dias antes para reunirmos para evitar uma tragédia, escolher o local da AG, convocar a segurança, ter mesas para receber os sócios e temos de ter escrutinadores. A resposta de Lourenço Pinto foi.. desconsiderou ‘ai do primeiro que levantar um dedo na Assembleia Geral’. Ele ignorou as diligências, sei que essas preocupações chegaram à direção e ao conselho fiscal, solicitaram a Lourenço Pinto que era necessário tomar medidas para reforçar a segurança. Lourenço Pinto ignorou-me competamente, teve o mesmo comportamento autista junto da direção. Nós, AG, fomos para a sala habitual e logo se percebeu que não havia condições para prosseguir ali”, acrescentou Cerejeira Namora.
“Vou medir as palavras por respeito à idade de Lourenço Pinto. A dado passo, do nada, ele lembrou-se de colocar à votação uma deliberação. Ninguém consegue perceber. Colocou-se em pé e disse para votar os estatutos na generalidade e na especialidade, as pessoas começaram a levantar os braços. Foi uma vergonha”, concluiu.