Atual presidente dos dragões lembra que: “unidade e vitória foram a receita de 2004…”
O Estádio do Dragão foi palco este sábado do Dia do Clube, uma iniciativa especial que assinalou as memoráveis conquistas do FC Porto em Gelsenkirchen (Liga dos Campeões) e Yokohama (Taça Intercontinental). André Villas-Boas, atual presidente do clube, fez questão de marcar presença e partilhar memórias do caminho vitorioso percorrido em 2004, relembrando momentos marcantes daquela época inesquecível para os adeptos portistas.
Leia a parte final do discurso de Villas-Boas:
“Levaram a percorrer toda a Europa de papel e caneta no bolso. Na nossa caminhada até à final, vimos jogar e deixamos para trás jogadores como Zidane, Ronaldo Fenômeno, Roberto Carlos, Figo, Paul Scholes, Van Nistelrooy, Giggs, Cristiano Ronaldo, Essien, Malduda, Evra, Morientes, entre outros. Montes de DVD’s e relatórios produzidos, que solemente deixávamos no cacifo de cada um dos jogadores. Jogadores de calibre diferente dos nossos. Sabiam tudo ante-mão. Quando chegava a hora de ver se alguém tinha levado os relatórios para casa, estavam todos dentro do cacifo ainda. Perguntem ao Jorge Costa.
No entanto, era no vídeo que o foco prendia as atenções. Não tanto pelo conteúdo técnico-tático, mas porque terminava sempre com uma comédia ou uma sátira sobre alguém da comitiva, o que fazia as delícias da equipa técnica e dos jogadores. Brincadeiras à parte, nessa equipa vivia-se um sentido comum, um propósito bem vincado e uma confiança sem paralelo. Com Jorge Nuno Pinto da Costa à cabeça, suportado pela mestria de um treinador português astuto e diferenciado, como José Mourinho, e um conjunto de jogadores que recordamos com nostalgia e que faziam as delícias dos adeptos. Entre Vítor Baía, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Ricardo Fernandes, Pedro Mendes, Deco, Alenitchev , Derlei, Carlos Alberto, Costinha e McCarthy, entre tantos outros, que privilégio termos sido brindados como tantos e grandes atletas.
Nesse ano em que transitamos das Antas para o Dragão, as bancadas transbordavam, fé azul e branca. A certeza e confiança na equipa era total e formou-se uma simbiose única entre todos e foi essa crença que nos fez acreditar e chegar até à final. Gelsenkirchen, 1-0, 2-0, 3-0, apito final, vitória.
Staff de apoio no túnel que desenfriadamente sobe as escadas de acesso ao relvado, na Arena de Schalke. Primeiros abraços e alegria sem fim. O FC Porto é campeão europeu pela segunda vez.
Regressa ao Porto, faz frio, chuva e nevoeiro, mas do aeroporto até ao Dragão, o trânsito está totalmente parado. As pessoas estão fora dos seus carros e gritam ‘Porto’ com alegria. No autocarro, a céu aberto, vou lado a lado com o nosso dirigente histórico, Luís César. ‘Mais uma, André’. Dizia ele, com toda a normalidade e responsabilidade que nos envolve enquanto portistas. Sobre os dias a seguir ao sonho e até aos penáltis de Yokohama, muito há a dizer.
Mas sobre esses momentos, o caminho até lá a chegar, detalhes protagonistas, estados de alma, estão aqui outros para falar. Bem hajam por esta iniciativa, que a mesma se projete no tempo, neste ou noutros lugares, e que seja sempre representativa de um movimento orgânico dos associados e adeptos do FC Porto. Um dia e um local onde se respira o Porto, as suas histórias, a sua génese e o seu futuro. Unidade e vitória foram a receita de 2004 e é e sempre será no futuro. Viva o FC Porto”.