Problema do Benfica no lado direito da defesa vai muito para além do estado clínico dos jogadores
Alexander Bah e Issa Kaboré, jogadores do Benfica, foram dispensados antecipadamente das seleções da Dinamarca e do Burkina Faso, respetivamente, após disputarem apenas um dos dois jogos previstos nas competições internacionais. Apesar do regresso precoce a Lisboa, os problemas no lado direito da defesa continuam a preocupar o técnico Bruno Lage.
Bah, o habitual titular, chega com problemas musculares e queixas de dores intensas, como revelou o selecionador dinamarquês Brian Riemer. Já Kaboré também retorna com dúvidas em relação à sua condição física. Ambos serão avaliados esta terça-feira no Seixal, mas as primeiras indicações apontam para lesões sem gravidade.
Ainda assim, o problema do Benfica na posição de lateral-direito vai muito para além do estado clínico dos jogadores. No caso de Bah, a sua qualidade é indiscutível: trata-se de um jogador rápido, ofensivo e com competência defensiva. Contudo, as constantes lesões têm limitado a sua utilização — é apenas o 9.º jogador mais utilizado do plantel esta época e já saiu lesionado em dois jogos, frente ao Estrela Vermelha na Liga dos Campeões e contra o Farense no campeonato.
Por outro lado, Kaboré enfrenta dificuldades de ordem técnica e tática. Contratado por empréstimo do Manchester City perto do fecho do mercado de verão, não tem convencido. As suas exibições frente ao Estrela Vermelha, em Belgrado, e contra o Bayern, em Munique, levantaram dúvidas, levando Bruno Lage a improvisar Tomás Araújo, um defesa-central, como lateral-direito em alguns momentos.
A situação de Kaboré levanta a hipótese de uma possível devolução ao Manchester City, caso o Benfica consiga encontrar outra equipa interessada no jogador até ao final da época. Casos semelhantes já ocorreram no passado, como o de Juan Bernat, lateral-esquerdo emprestado pelo PSG.
Independentemente da permanência de Kaboré, o Benfica deverá ser obrigado a procurar uma solução no mercado. Bah é tecnicamente fiável, mas a sua fragilidade física não dá garantias a longo prazo. Com a disputa do campeonato, e possivelmente das fases mais avançadas da Taça de Portugal e da Liga dos Campeões, o clube precisará de reforçar a posição com um jogador que ofereça consistência.
Desde Nélson Semedo, em 2016/17, que o Benfica não teve um lateral-direito capaz de assegurar tranquilidade aos adeptos. Jorge Jesus, mesmo com opções como Gilberto, André Almeida e Diogo Gonçalves, nunca encontrou um titular indiscutível. Roger Schmidt precisou de adaptar Aursnes à posição, e agora Bruno Lage depara-se com um cenário semelhante.