Missão portuguesa superou as expectativas, apesar terem ficado objetivos por cumprir
O objetivo traçado para os Jogos Olímpicos de Paris’2024 era igualar o sucesso de Tóquio’2020, mas a Missão portuguesa superou as expectativas, graças a um jovem ciclista de Viana do Castelo. Iúri Leitão conquistou a medalha de prata na prova de omnium e, dois dias depois, voltou ao Velódromo de Saint-Quentin-en-Yvelines para se consagrar campeão olímpico na disciplina de madison, ao lado do seu companheiro Rui Oliveira. Leitão tornou-se, assim, no primeiro atleta português a conquistar duas medalhas numa única edição dos Jogos Olímpicos.
Os dois ciclistas portugueses, que também marcaram a estreia da modalidade masculina em Jogos Olímpicos, ofereceram ao país a sexta medalha de ouro da sua história, sendo a primeira fora da modalidade de atletismo. Com este feito, Portugal atingiu o principal objetivo estipulado no contrato-programa assinado entre o Comité Olímpico de Portugal e o Governo para Paris’2024: conquistar pelo menos quatro medalhas.
Em Tóquio’2020, Portugal já tinha feito história ao conquistar quatro medalhas – o ouro de Pedro Pablo Pichardo no triplo salto, a prata de Patrícia Mamona na mesma disciplina, e os bronzes de Jorge Fonseca no judo (-100 kg) e de Fernando Pimenta na canoagem (K1 1.000 metros). Em Paris’2024, Portugal voltou a somar quatro medalhas, mas desta vez com um brilho ainda maior.
Além das conquistas no ciclismo, Pedro Pablo Pichardo voltou a destacar-se, alcançando a medalha de prata no triplo salto, ficando a apenas dois centímetros do ouro, que foi para o espanhol Jordan Díaz, com 17,86 metros. No judo, Patrícia Sampaio demonstrou todo o seu potencial ao conquistar o bronze na categoria de -78 kg.
Com estas conquistas, o total de medalhas olímpicas de Portugal subiu para 32 (seis de ouro, 11 de prata e 15 de bronze), permitindo ao país ocupar o 50.º lugar no quadro de medalhas, uma melhoria em relação ao 56.º lugar alcançado em Tóquio’2020.
No contrato-programa para Paris’2024, estavam definidos vários objetivos: conquistar 15 diplomas, somar 57 pontos entre os oito primeiros lugares, obter 36 classificações entre os 16 primeiros, e participar em 66 eventos com medalhas distribuídas “de forma equitativa em termos de género”, em 17 modalidades. Embora este último objetivo não tenha sido cumprido – a Missão portuguesa competiu em apenas 15 desportos –, Portugal alcançou 14 posições diplomadas e os 57 pontos esperados, além de 33 classificações até ao 16.º lugar.
No entanto, alguns dos objetivos não foram atingidos, principalmente devido à prestação dececionante da natação e, em parte, do judo, com exceção de Patrícia Sampaio. A natação pura ficou aquém das expectativas na piscina da La Défense Arena, particularmente Diogo Ribeiro, campeão mundial dos 100 metros mariposa, que não conseguiu ir além das meias-finais nos 50 metros livres.
O judo também não atingiu as expectativas, com Jorge Fonseca, bronze em Tóquio’2020, a ser eliminado na sua primeira luta nos -100 kg. À exceção de Patrícia Sampaio, todos os outros judocas portugueses foram eliminados no primeiro ou segundo combate, como foi o caso de Catarina Costa, sétima do mundo na categoria -48 kg.
Apesar das desilusões e lágrimas, que marcaram os dias até quinta-feira, o ciclismo destacou-se como a modalidade rainha destes Jogos para Portugal. Nelson Oliveira conseguiu um diploma ao ser sétimo no contrarrelógio. O triatlo também surpreendeu, com Vasco Vilaça e Ricardo Batista a alcançarem o quinto e sexto lugares, respetivamente, na prova individual, e os dois, juntamente com Maria Tomé e Melanie Santos, a conseguirem o quinto lugar na estafeta mista.
De Marselha, chegaram também bons resultados com Carolina João e Diogo Costa a alcançarem o quinto lugar na classe 470, a mesma posição conquistada por Gabriel Albuquerque nos trampolins, destacando-se na ginástica.
Embora se esperassem medalhas de Fernando Pimenta e da dupla João Ribeiro/Messias Batista, os diplomas alcançados na canoagem não devem ser desvalorizados.
Apesar de ser a delegação portuguesa mais pequena desde Sydney’2000, com apenas 73 atletas (37 dos quais mulheres), Portugal saiu de Paris’2024 com os melhores resultados olímpicos de sempre.