Mario Aparicio, da equipa Burgos Burpellet BH, foi afastado do Tour de Mentougou e obrigado a deixar o país após uma publicação considerada ofensiva.
O Tour de Mentougou, em Pequim, terminou envolto em polémica depois de o ciclista espanhol Mario Aparicio, de 25 anos, ter sido expulso da competição e forçado a abandonar a China, na sequência de uma publicação nas redes sociais que gerou uma enorme reação negativa entre as autoridades e o público local.
O atleta da Burgos Burpellet BH publicou no Strava, rede social popular entre ciclistas, um registo da etapa acompanhado de dois elementos visuais: a bandeira da China e o emoji de um porco. Um gesto aparentemente inofensivo que, no contexto chinês, foi interpretado como uma ofensa direta ao país e ao regime, dada a forte conotação simbólica do animal na cultura local.
“Conteúdo inapropriado” e reação imediata
A imprensa estatal chinesa noticiou o caso poucas horas depois da publicação. O jornal Global Times, alinhado com o Partido Comunista Chinês, descreveu o gesto como “um ato de desrespeito à bandeira nacional”, afirmando que o espanhol “publicou conteúdo inapropriado nas redes sociais, justapondo a bandeira da China com o emoji de uma cabeça de porco”.
A reação foi imediata: centenas de comentários indignados inundaram as redes sociais chinesas, exigindo sanções ao corredor e à equipa espanhola. A organização da prova decidiu excluir Mario Aparicio da competição, e o ciclista foi aconselhado a deixar o país por razões de segurança, após ter recebido ameaças de morte online.
Uma vitória manchada pela controvérsia
O caso ofuscou o sucesso desportivo da Burgos Burpellet BH, que conquistou um feito histórico ao garantir os três lugares do pódio da classificação geral. Clément Alleno, Carlos García Pierna e Antonio Angulo ocuparam, respetivamente, o primeiro, segundo e terceiro lugares, num resultado inédito para a equipa espanhola.
Contudo, o incidente com Aparicio transformou a celebração em desconforto diplomático. A equipa optou por emitir um comunicado de desculpas, explicando que o emoji “não teve qualquer intenção política ou ofensiva” e que se tratou de “um mal-entendido cultural”.
Emoji com consequências inesperadas
O episódio volta a expor os riscos de comunicação em contextos culturais e políticos sensíveis. O emoji do porco, um dos 3.953 símbolos reconhecidos pelo padrão Unicode de 2025, tem diferentes interpretações conforme o país. Na China, onde a imagem do animal é frequentemente associada a insultos, o gesto foi considerado uma provocação intolerável.
A polémica levou o nome de Mario Aparicio a tornar-se viral nos meios chineses, com as autoridades a reforçar o controlo sobre as publicações de estrangeiros que participam em eventos desportivos no país.







