Nove mudanças nas primeiras 11 jornadas representam o número mais alto desde 2009/10
A temporada 2024/25 da I Liga está a destoar da tendência europeia de maior estabilidade nos comandos técnicos. Até à 11.ª jornada, foram registadas nove alterações definitivas de treinador, um número inédito nas 25 edições deste século.
Com quase três meses e meio de competição, metade das equipas do principal escalão do futebol português já trocou de técnico, na maioria dos casos devido a resultados insatisfatórios ou divergências entre a administração e a equipa técnica. O Sporting, porém, apresentou uma situação singular ao substituir o campeão Ruben Amorim, agora treinador do Manchester United.
Ruben Amorim, que anunciou no início de novembro a sua ida para os “red devils”, deixou Alvalade após quatro anos e meio marcados pelos títulos de campeão nacional em 2020/21 e 2023/24. Mesmo com a equipa a registar um início histórico de 11 vitórias consecutivas, Amorim optou por abraçar o desafio na Premier League. Com a sua saída oficializada na pausa para os compromissos das seleções, João Pereira foi promovido da equipa B leonina para assumir o comando técnico.
A primeira mudança da época ocorreu ainda antes do arranque do campeonato, quando Tozé Marreco deixou o Gil Vicente a poucos dias da estreia. Carlos Cunha assumiu interinamente até Bruno Pinheiro ser contratado para liderar a equipa a partir da segunda jornada.
Curiosamente, Tozé Marreco não ficou muito tempo afastado, assumindo o Farense à sexta jornada, após a saída de José Mota. Outros clubes também reagiram aos maus resultados iniciais, como o Benfica, que voltou a confiar em Bruno Lage (campeão em 2018/19) depois de quatro jornadas sob o comando de Roger Schmidt, técnico vencedor do campeonato em 2022/23.
O SC Braga foi outro a alterar cedo a equipa técnica, com Carlos Carvalhal a suceder a Daniel Sousa logo após a primeira jornada. Também o Arouca e o Estrela da Amadora mexeram no banco: os arouquenses substituíram Gonzalo García por Vasco Seabra à nona jornada, enquanto o Estrela abdicou de Filipe Martins na sexta ronda, apostando numa comissão técnica liderada pelo diretor desportivo José Faria.
O Rio Ave optou por despedir Luís Freire, técnico desde 2021/22, após a 10.ª jornada, com Petit a assumir o comando. Já o Aves SAD, após um arranque de temporada irregular, trocou Vítor Campelos por Daniel Ramos na última semana antes do regresso da competição.
Estas nove mudanças nas primeiras 11 jornadas representam o número mais alto desde 2009/10, quando houve oito alterações no mesmo período. Em contraste, a época passada contabilizou apenas seis trocas até à mesma fase.
Portugal na liderança das “chicotadas” europeias
Enquanto nos principais campeonatos europeus as mudanças de treinador têm sido escassas, a I Liga soma quase tantas alterações como Itália (quatro), Alemanha e França (duas cada) e Inglaterra e Espanha (uma cada) juntas.
Na Serie A, a Roma voltou a contar com Claudio Ranieri após a saída de Ivan Jurić, que, por sua vez, tinha substituído Daniele De Rossi. O Lecce contratou Marco Giampaolo para render Luca Gotti, e o Génova afastou Alberto Gilardino, prevendo-se a chegada de Patrick Vieira.
Na Bundesliga, o Hoffenheim trocou Pellegrino Matarazzo por Christian Ilzer, e o Bochum colocou Dieter Hecking no lugar de Peter Zeidler. Já na Ligue 1, o Rennes apostou em Jorge Sampaoli, e o Montpellier contratou Jean-Louis Gasset para sair da última posição.
No contexto europeu, Portugal lidera em mudanças técnicas, à frente de Grécia e Turquia (oito alterações cada), e apenas é superado pela Sérvia, com 12 trocas em 15 jornadas.
O Manchester United trouxe a primeira mudança de comando técnico na Premier League ao substituir Erik ten Hag pelo português Ruben Amorim. Sob a nova liderança, jogadores como Diogo Dalot e Bruno Fernandes passam a trabalhar com um treinador que chega com credenciais sólidas. Situação semelhante viveu o Las Palmas, que, com os portugueses Dário Essugo e Fábio Silva no plantel, trocou Luis Carrión por Diego Martínez.
Este cenário não é exclusivo de Inglaterra e Espanha. Ampliando o foco para os 20 países melhor posicionados no ranking da UEFA, Portugal destaca-se com um número significativo de alterações no comando técnico. No entanto, o panorama português é superado apenas pela Sérvia, onde já ocorreram 12 trocas de treinador em 15 jornadas.
Ainda assim, Portugal encontra-se à frente de nações como a Grécia e a Turquia, que somam, respetivamente, oito mudanças após 11 e 12 rondas nos seus campeonatos.
A tendência de trocas técnicas reflete a crescente pressão por resultados imediatos no futebol europeu, evidenciando o impacto dos desempenhos desportivos e da exigência dos adeptos e das direções dos clubes.