A Associação de Tenistas Profissionais (PTPA), cofundada por Novak Djokovic e Vasek Pospisil, iniciou recentemente ações legais contra os principais órgãos reguladores do ténis mundial: a ATP (Associação de Tenistas Profissionais), WTA (Associação de Ténis Feminino), ITF (Federação Internacional de Ténis) e a Agência Internacional de Integridade do Ténis (ITIA). Djokovic acusa entidades de abuso de poder no ténis!
As queixas, apresentadas nos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia, têm como principal argumento as práticas anticoncorrenciais, além de manterem um sistema que prejudica os jogadores. O movimento, que já vinha ganhando força nos bastidores, representa mais um capítulo na luta dos jogadores por uma maior representatividade, transparência e participação nas decisões que afetam diretamente as suas carreiras.
Origens e Objetivos da PTPA
Fundada em 2021, por Djokovic e Pospisil, a PTPA surgiu com o intuito de representar os interesses dos jogadores de ténis profissional, na tentativa de trazer uma maior transparência e equidade ao desporto e à modalidade em si. A associação tem como missão assegurar que os tenistas tenham uma voz ativa nas decisões que afetam as suas carreiras e condições de trabalho.
A ideia surgiu após anos de insatisfação com a estrutura hierárquica do ténis mundial, que é dividida entre várias entidades (ATP, WTA, ITF e Grand Slams), sendo estas, frequentemente, acusadas de priorizar os interesses comerciais em detrimento dos atletas.
A PTPA não é um sindicato, mas sim uma organização independente, que procura garantir que os jogadores tenham mais influência nas decisões que afetam as suas carreiras, como a distribuição de prémios, o calendário de torneios ou as condições de trabalho. A entidade tem sido apoiada por diversos tenistas, tanto do circuito masculino como do feminino, que veem na iniciativa uma oportunidade de equilibrar o poder no desporto.
Razões da Ação Legal
A PTPA alega que os órgãos reguladores do ténis operam quase como um cartel que suprime a concorrência, manipulando os prémios monetários, impondo sistemas de ranking restritivos e executando protocolos invasivos de antidoping e anticorrupção. Entre as principais reclamações destacam-se:
- Prémios Monetários Injustos: Os jogadores recebem uma percentagem significativamente menor das receitas geradas pelo desporto em comparação com atletas de outras modalidades.
- Calendário Exigente: A temporada de ténis estende-se por 11 meses, o que limita o tempo de descanso e recuperação dos atletas, potencializando o risco de lesões.
- Condições de Jogo Extremas: Jogos que se prolongam até altas horas da madrugada e a utilização de bolas diferentes de semana para semana são apontados, como fatores que comprometem a saúde dos jogadores.
- Protocolos de Antidoping e Anticorrupção: Os jogadores são sujeitos a exames antidoping aleatórios durante a noite e a interrogatórios sem a presença de advogados, o que é visto como uma violação dos seus direitos.
Jogadores que Apoiam a Iniciativa
Além de Djokovic e Pospisil, a PTPA tem recebido o apoio de diversos nomes importantes do ténis. A queixa é assinada por 12 tenistas, incluindo o australiano Nick Kyrgios, conhecido pela sua voz crítica e defesa dos direitos dos jogadores. A PTPA afirma ter o apoio de um número significativo de jogadores, porém, muitos deles preferem manter o anonimato, por receio de represálias. Muitos deles destacam a necessidade de uma representação mais justa e democrática no desporto, especialmente para os jogadores que não têm a mesma visibilidade e poder de negociação que as grandes estrelas.
Curiosamente, Novak Djokovic, embora cofundador da PTPA, optou por não figurar como queixoso nestas ações legais. De acordo com informações, esta decisão visa evitar que o foco recaia sobre a sua figura, permitindo que a atenção se concentre nas questões sistémicas que a associação pretende abordar.
No entanto, nem todos os tenistas apoiam a iniciativa. Figuras como Roger Federer e Rafael Nadal já expressaram preocupações sobre a fragmentação que a PTPA poderia causar no desporto. Ambos defendem uma abordagem mais colaborativa com as entidades existentes, em vez de uma rutura radical.
Resposta das Entidades Acusadas
As entidades visadas refutaram as acusações. A ATP afirmou que desempenha um papel de liderança no crescimento global do ténis e que os jogadores têm uma voz ativa nas decisões. A WTA considerou a ação “lamentável e equivocada”, destacando os aumentos significativos nos prémios monetários nos últimos anos.
Este confronto legal, em que Djokovic acusa entidades de abuso de poder, tem o potencial de provocar mudanças significativas na estrutura e nos modelos de partilha de receitas no ténis profissional. A PTPA tem como intuito oferecer reformas que garantam condições mais justas e transparentes para os jogadores, influenciando diretamente a sua saúde, segurança e direitos, ainda que o timing para toda esta questão, seja questionada por muitos adeptos e seguidores de ténis. Contudo, o desfecho deste processo poderá redefinir a relação, se não mesmo até cortar muitos dos laços, entre os atletas e os órgãos reguladores do ténis mundial.