Chegada aos “oitavos” é o objetivo de dragões e águias
Na madrugada de domingo, às 01h00, arranca o tão aguardado Mundial de Clubes de 2025, competição que estreia um novo formato alargado a 32 equipas e que, pela primeira vez, inclui clubes que não conquistaram títulos continentais. FC Porto e Benfica garantiram duas das doze vagas atribuídas à Europa, fruto dos bons desempenhos recentes nas edições da Liga dos Campeões, e partem com o objetivo claro de, no mínimo, ultrapassar a fase de grupos.
Os dragões têm o primeiro desafio marcado para domingo, às 23h00, diante do adversário mais exigente do Grupo A: o Palmeiras de Abel Ferreira. Seguem-se depois os encontros frente aos egípcios do Al Ahly e aos norte-americanos do Inter Miami. Para Chaínho, antigo médio do FC Porto que alinhou pelos azuis e brancos entre 1998 e 2001, o grupo é acessível e permite alimentar sonhos maiores. “Chegar aos oitavos de final? O FC Porto tem que fazer tudo para vencer a prova. Será difícil… mas será difícil para todos. O FC Porto tem que acreditar que pode lá chegar. Há outras equipas boas, mas o FC Porto, jogo a jogo, tem que acreditar que tudo pode acontecer”, referiu.
Já o Benfica entra em campo na segunda-feira, também às 23h00, tendo pela frente o Boca Juniors da Argentina. Os sul-americanos são apontados como os principais rivais dos encarnados na luta pelas duas vagas do Grupo C, que conta ainda com os neozelandeses do Auckland City, considerados teoricamente os mais frágeis. No entanto, como bem se sabe no futebol, as surpresas estão sempre à espreita.
William, antigo defesa-central que representou o Benfica durante cinco temporadas entre 1989 e 1995, sublinha que a história e o prestígio do clube obrigam a uma postura ambiciosa. “O Benfica, atendendo à sua grandeza tem a exigência de competir para ganhar, seja em que prova for”, apontou.
Outro conhecido benfiquista António Manuel Ribeiro, vocalista dos UHF, partilha esse espírito e deseja que as águias consigam ir além dos oitavos de final. “Pessoalmente, por ambição, e até pela ajuda que os nossos emigrantes podem trazer à equipa, gostava de ir mais longe que os ‘oitavos’”, confessou.
Contudo, há um fator que pode pesar contra as aspirações dos clubes portugueses: o calendário. FC Porto e Benfica chegam ao torneio no final das suas temporadas, enquanto adversários como o Palmeiras, o Inter Miami e o Boca Juniors estão em plena atividade competitiva, com ritmos mais altos e frescura física superior. William alerta para este desequilíbrio: “o timing da competição e outros constrangimentos, que são muitos, podem influenciar de forma decisiva a performance da equipa”, até porque “em condições normais os futebolistas por esta altura estariam de férias, recuperando física e emocionalmente de uma desgastante e exigente época desportiva”. “ O Boca Juniors tem neste momento outro nível de preparação”, analisa o ex-atleta das águias.
Ainda assim, António Manuel Ribeiro mostra-se otimista e diz que nota “um Benfica muito fatigado no final do campeonato, pelo que” e está esperançoso que esta nova prova “eleve a raça encarnada e o profissionalismo”, permitindo “que se ultrapasse o Boca Juniors com determinação”.
Do lado azul e branco, Bruno Moraes, que passou pela equipa principal do FC Porto em duas épocas distintas, apela à cautela. “Seria um erro enorme falar em título ou em oitavos de final. O FC Porto, nesta altura, e por todas as adversidades que pode enfrentar na competição, tem que pensar em vencer jogo a jogo”, aconselha. Chaínho, por sua vez, reconhece o desafio acrescido, mas acredita que a equipa está preparada. “Foi importante o descanso que os jogadores tiveram. Houve jogos de treino e esta fase foi essencial, portanto, tudo pode acontecer. Acredito que o FC Porto faça um bom jogo na estreia e se ganhar irá dar-lhes um alento para o resto da competição”.
Com ambição, mas também com os pés assentes na terra, os dois maiores emblemas portugueses preparam-se para representar Portugal no novo formato do Mundial de Clubes.