Dragões procuram evitar uma quarta derrota consecutiva frente ao Anderlecht, algo que só aconteceu uma vez na história do clube, em dezembro de 1964
O FC Porto enfrenta um dos períodos mais conturbados dos últimos anos, após somar três derrotas consecutivas em diferentes competições, algo que não ocorria há 16 anos. A sequência negativa gerou crescente insatisfação entre os adeptos e colocou o técnico Vítor Bruno numa posição fragilizada.
Apesar de um início promissor na sua primeira época como treinador principal, o ex-adjunto de Sérgio Conceição acumula agora 13 vitórias, um empate e cinco derrotas em 19 jogos. O título da Supertaça Cândido de Oliveira, conquistado frente ao Sporting no arranque da temporada, já parece distante perante as recentes dificuldades.
A última vez que o FC Porto atravessou um momento semelhante foi em novembro de 2008, com Jesualdo Ferreira no comando. A derrota mais recente aconteceu diante do Moreirense (1-2), ditando a eliminação precoce na Taça de Portugal, uma competição em que o clube somava um recorde de 22 vitórias consecutivas. Esta foi a eliminação mais prematura desde 2016/17, agravando as críticas à equipa.
Antes da eliminação na Taça, o FC Porto já tinha sofrido reveses significativos. A derrota pesada contra o Benfica (1-4), na 11.ª jornada da I Liga, marcou a primeira vez desde 1964/65 que os portistas sofreram quatro golos em clássicos contra os ‘encarnados’ para o campeonato. Apesar disso, o FC Porto mantém o segundo lugar com 27 pontos, mas está a seis do líder invicto Sporting e apenas dois à frente do Benfica, que tem um jogo em atraso.
Na Liga Europa, a situação também é preocupante. Os ‘dragões’ ocupam o 22.º lugar, o penúltimo de acesso ao play-off, com apenas quatro pontos em quatro jogos. Derrotas frente a Lazio (1-2) e Bodo/Glimt (2-3) e um empate nos descontos contra o Manchester United (3-3) complicaram as contas. Na quinta-feira, a equipa visita o Anderlecht, precisando urgentemente de um bom resultado para evitar uma quarta derrota consecutiva, algo que só aconteceu uma vez na história do clube, em dezembro de 1964.
Após a goleada no Estádio da Luz, cerca de 20 adeptos receberam a equipa com críticas no centro de treinos do Olival. No domingo, após a eliminação na Taça, cerca de 50 adeptos reuniram-se junto ao Estádio do Dragão para exigir a demissão de Vítor Bruno e até entoaram cânticos a pedir o regresso de Pinto da Costa, o antigo presidente. Houve momentos de tensão, com o lançamento de petardos e uma tocha contra o autocarro da equipa.
Face ao descontentamento, André Villas-Boas, presidente do clube, e outros dirigentes tentaram acalmar os adeptos, mas a pressão sobre Vítor Bruno aumentou. Villas-Boas, que escolheu o técnico como sucessor de Sérgio Conceição, reafirmou a sua confiança no treinador, descrevendo uma “fé absoluta” no seu trabalho.
Até às recentes derrotas, o FC Porto apresentava um registo sólido na I Liga, com nove vitórias nas primeiras 11 jornadas. Este desempenho igualava outros arranques de temporada promissores, como os de 2002/03, 2011/12, 2015/16 e 2018/19, mas ficava aquém do recorde de 31 pontos em 33 possíveis, alcançado em 2010/11 e 2017/18.
Vítor Bruno, que completa 42 anos a 2 de dezembro, estreou-se de forma marcante ao vencer a Supertaça frente ao Sporting (4-3, após prolongamento), depois de recuperar de uma desvantagem de três golos. Essa vitória tornou o FC Porto o clube português mais titulado, com 86 troféus, à frente do Benfica (85) e do Sporting (55).
Com um aproveitamento de 68,4% nos seus primeiros 19 jogos, Vítor Bruno iguala Julen Lopetegui neste critério, mas fica atrás de treinadores como André Villas-Boas (89,5%) Jesualdo Ferreira e Sérgio Conceição (73,7%).