Sindicato internacional alerta para exaustão dos atletas e apresenta relatório com medidas urgentes
A FIFPro, a federação internacional dos jogadores profissionais de futebol, lançou esta quinta-feira um alerta contundente sobre os perigos de um calendário cada vez mais sobrecarregado, apelando à criação de um período mínimo de oito semanas de descanso entre temporadas. A proposta surge acompanhada de um relatório científico elaborado por 70 especialistas de todo o mundo, incluindo profissionais de equipas de topo e seleções nacionais.
“Se todos concordamos que a saúde está em primeiro lugar, devemos implementar estas medidas de proteção”, afirmou a FIFPro em comunicado oficial.
Calendário insustentável e risco crescente de lesões
O relatório, apresentado em conferência de imprensa, conclui que o atual modelo competitivo coloca em risco a integridade física e mental dos jogadores, com lesões musculares, fadiga crónica e burnout em crescimento entre os profissionais. Como resposta, os especialistas recomendam:
- 8 semanas de descanso anual obrigatório entre temporadas
- Pelo menos 1 a 1,5 semanas de pausa durante a época
- Descanso semanal obrigatório
- Limites de carga horária para jogadores com menos de 18 anos
Comparações com outras profissões
A FIFPro recorreu a comparações claras para reforçar a urgência de regulamentar o descanso dos jogadores.
“Tal como os trabalhadores da construção civil necessitam de equipamento de segurança e os pilotos de avião têm períodos de descanso obrigatórios, os jogadores de futebol profissional precisam de normas globais”, sublinha o organismo sindical.
Medidas ignoradas e consequências visíveis
Nos últimos anos, os casos de exaustão entre os principais atletas têm vindo a aumentar. Clubes, seleções e competições acumulam-se sem períodos reais de recuperação, e os apelos à proteção dos jogadores são frequentemente ignorados em nome dos lucros e da audiência.
A FIFPro realça que muitos clubes forçam atletas a manterem-se em competição mesmo sem condições ideais, o que compromete o seu desempenho e bem-estar.
Proteger também os mais jovens
Outra das grandes preocupações passa pelos jovens atletas. O relatório aponta para a necessidade urgente de estabelecer limites máximos de carga física e psicológica em jogadores com menos de 18 anos, prevenindo lesões precoces e efeitos negativos no desenvolvimento.
Um apelo à FIFA e às ligas nacionais
A organização exige agora que a FIFA, as confederações continentais e as ligas nacionais se comprometam com a aplicação destas medidas, transformando recomendações em regulamentos vinculativos.
“Os jogadores não são máquinas. A sua saúde deve estar acima de qualquer interesse comercial”, conclui o documento da FIFPro.