O FC Porto vive dias de indefinição e mudança. Depois de uma época desapontante e de uma prestação frustrante no Mundial de Clubes, o clube prepara uma remodelação profunda que poderá marcar o fim do ciclo de Martín Anselmi. A continuidade do treinador argentino está em aberto — e o silêncio de André Villas-Boas só adensa as dúvidas.
Desempenho no Mundial fragilizou liderança técnica
Os dragões encerraram a participação no Mundial de Clubes sem qualquer vitória, somando apenas dois pontos em três jogos frente ao Palmeiras, Inter Miami e Al Ahly. O estatuto de equipa europeia com pior prestação na prova abalou ainda mais a já frágil confiança em Anselmi, que vinha sendo contestado desde os primeiros meses no comando técnico.
Apesar de evitar críticas diretas, Villas-Boas não escondeu o desagrado. Após o empate (4-4) com o Al Ahly, o presidente do FC Porto limitou-se a dizer que “não era o momento” para falar sobre o futuro do treinador, deixando o tema em suspenso. O gesto foi interpretado como um sinal de rutura iminente.
Anselmi defende-se: “Temos feito a análise, mas nunca parámos”
Mais tarde, na sala de imprensa do MetLife Stadium, Anselmi tentou defender o trabalho realizado, afirmando que a época serviu de “aprendizagem para a seguinte” e que “nunca houve tempo para parar e mudar tudo o que era necessário”. Ainda assim, voltou a citar a expressão usada por Villas-Boas no encontro com adeptos em Newark: “O murro na mesa tem de ser planificado”.
O treinador argentino sugeriu estar envolvido no processo de reestruturação, mas não garantiu a sua permanência. E, no Dragão, os sinais vão-se acumulando: o desempenho da equipa, a falta de evolução coletiva e os cânticos e insultos de parte da massa adepta à chegada a Portugal não jogam a seu favor.
Villas-Boas promete mudanças: do plantel à estrutura
A reestruturação no FC Porto está em marcha. Segundo O JOGO, o foco principal incide sobre o plantel, mas as mudanças podem estender-se a áreas operacionais ligadas diretamente à equipa principal. A reformulação prevê saídas importantes — como Diogo Costa, Otávio, Zaidu ou Pepê — e entradas estratégicas para reforçar a defesa, o meio-campo e as alas.
Martín Anselmi esteve envolvido no planeamento desta nova fase, mas o seu futuro permanece envolto em incerteza. Com a época 2025/26 ao virar da esquina, Villas-Boas tem nas mãos uma decisão crítica: renovar a confiança no técnico argentino ou iniciar um novo ciclo técnico que devolva estabilidade e ambição ao clube.
Pressão dos adeptos e exigência de resultados
Após uma época em que a conquista da Supertaça Cândido de Oliveira foi o único motivo de celebração, os adeptos exigem respostas concretas. As manifestações recentes mostram que a paciência está esgotada. Villas-Boas prometeu mudanças e vai cumpri-las — resta saber se Anselmi fará parte da nova era do FC Porto.