Presidente do Sporting esteve presente no programa “Alta Definição” da SIC
Polémico “rebentar com eles” antes da final da Taça: “Houve um caso bem recente onde saiu cá para fora uma comunicação minha, onde usei o termo ‘é para rebentar com eles’. Esse é o Frederico Varandas presidente dentro do Sporting, não o que está na tribuna. Houve muita gente ofendida. Pessoas que não percebem. O que ninguém viu ou vai ver sou eu a criticar um jogador publicamente. Mas ao longo do ano falo com vários jogadores a pedir para não terem certo comportamento. E isso também faço para motivar internamente os meus soldados. Existe o Frederico Varandas presidente do Sporting. E entendo qual deve ser o papel do presidente. Muitas vezes estamos em penáltis e não me mexo. Ali não é o Frederico Varandas, é o presidente do Sporting.”
Ligação ao Sporting: “Passei por uma fase onde quis ser jogador de futebol, depois arquiteto, e depois percebi que não tinha talento. Sempre fui dado para ciências. O meu meio normal é matemática, física. Esta foi a minha vida, uma vida ótima. Tenho um irmão, nunca tive um quarto só para mim, levei sempre com o meu irmão. É como se fosse uma extensão minha. Foi uma vida de muita sorte, muito feliz. O meu avô, pai do meu pai, verdadeiro leão e sócio desde sempre. Depois entrei na ginástica, mas o que gostava era mesmo o futebol. Ainda levei com a natação, mas esse foi o lado emotivo. Aprendi a ir ao futebol, íamos três horas antes aos jogos dos juniores, depois víamos a equipa a entrar. Era um ritual. Depois ia para o antigo campo do Sporting, via a equipa principal a treinar, miúdos da ginástica a ver os treinos. Eram outros tempos. Isso criou sempre uma paixão pelo futebol, pelo Sporting. Costumo dizer, por brincadeira, que quem não é do Sporting é porque quem os educou não ligava a futebol. Aconteceu com os meus amigos. Se a pessoa que nos educa liga ao futebol, é do Sporting.”
Papel de presidente: “Sinto responsabilidade de cumprir a missão, achei que tenho condições para ser presidente com dois objetivos: devolver a dignidade do clube e fazer com que a nova geração não passasse o que eu passei.”
Família: “A minha fortaleza é a minha casa, tiro a farda de presidente do Sporting e sou o Frederico Varandas. É isso que me agarra todos os dias. Há dias muito duros. Ali, estão as pessoas que me levantam. É aí que faço o meu escape. Tive muita sorte pelo equilíbrio que tenho em casa pela minha mulher. É sueca e muito pragmática. Sempre percebeu que era o meu trabalho. É diretora de uma multinacional, responsável por múltiplas pessoas abaixo dela. Ela é uma máquina e, atenção, ainda estou a perder. Ela tem três prémios Stromp, eu tenho dois. São os genes de viking! As filhas dão muito muito trabalho. Mas isto ajuda muito porque ela mantém o equilíbrio como se nada fosse. Eu ser presidente do Sporting ou trabalhar numa padaria é igual. Para ser presidente do Sporting preciso de estar bem, os meus filhos precisam de estar bem. Ela é uma super-mulher. Faz com que a vida seja normal e não é fácil, para a mulher do presidente do Sporting, ter uma vida normal.”
Quando foi eleito presidente do Sporting foi visitar o seu avô ao cemitério: “Fui de manhã, antes do resultado sair, dizer ao meu avô que ia ser presidente do Sporting. Quando ele morreu, eu era médico… ele nunca sonhou que um neto dele fosse presidente do Sporting. Disse-lhe só que ia tomar conta do clube.”
Ameaças enquanto presidente: “O que o Afeganistão me deu foi aprender a viver com o medo. Coragem não é não ter medo, coragem é não ceder ao medo. Avalio a ameaça, mas de certa forma, se eu cedesse a uma ameaça tinha de colocar o meu lugar à disposição, porque não estava preparado para ser presidente do Sporting.”
Contratação de Rúben Amorim: “Fui desaconselhado e ainda bem que fui. Foi uma decisão marcante. Teve muito a ver com a intuição, mas também com a parte racional. Lembro-me do primeiro jogo dele [no Braga]. Acabei o jogo e fiquei preocupado, foi o primeiro sentimento que tive. Fui falar com o [Hugo] Viana. Entendemo-nos muito bem. Senti que as coisas não estavam bem também em virtude da questão financeira. Quando não há dinheiro, não há dinheiro. Tínhamos de começar com calma. Quando começamos a ver a fase de evolução do Rúben, perguntei ao Viana se dava para falar com ele. O Viana começa-se a rir. O Rúben tinha uma cláusula de 10 milhões. Eu e o Viana fomos ao Norte. O que é que eu senti? Primeiro, a parte racional. Depois, a parte intuitiva que sinto que é louca, mas o acreditar que o Rúben tem no olhar. Fechámos a porta, entrámos no elevador, o Viana olha para mim, ri-se e diz ’10 milhões é muito dinheiro’. E eu: ‘Viana, qual é o melhor treinador para o Sporting? Eu não tenho dúvidas, tu tens?’. A única pessoa que estava alinhada comigo era mesmo ele. Ele nunca quis sequer sugerir outra coisa. Se calhar já devia ter ido buscar o Rúben há mais tempo. Depois, havia a questão do dinheiro. Disse ao Viana que a decisão estava tomada lá em baixo, depois de sairmos do elevador, acho que descemos quatro andares.”