Tribunal confirma agressão sexual durante o Mundial de Futebol Feminino de 2023
Luis Rubiales foi condenado esta quarta-feira pela justiça espanhola a uma multa de 10.800 euros, após o tribunal de recurso da Audiência Nacional ter considerado que o beijo dado a Jenni Hermoso durante a cerimónia de entrega de medalhas do Mundial feminino de 2023 constituiu uma agressão sexual.
O acórdão considera provado que não existiu consentimento da jogadora, desmontando a versão do ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), que sempre alegou tratar-se de um “pequeno beijo consentido”, no que descreveu como “um ato espontâneo e de falsa polémica feminista”.
O tribunal rejeitou ainda os restantes recursos apresentados, nomeadamente o do Ministério Público, que exigia um novo julgamento, alegando “parcialidade” do juiz de primeira instância. A Audiência Nacional concluiu que o processo foi conduzido de forma regular e que os factos ficaram suficientemente demonstrados.
Condenação com efeitos práticos
Além da multa, a sentença impõe ainda medidas de coação ao antigo dirigente espanhol. Luis Rubiales está agora proibido de se aproximar de Jenni Hermoso num raio inferior a 200 metros, assim como de estabelecer qualquer tipo de contacto com a atleta durante um ano.
Recorde-se que o episódio ocorreu a 20 de agosto de 2023, logo após a final do Campeonato do Mundo de Futebol Feminino, ganho pela seleção espanhola. Durante a entrega de medalhas, Rubiales beijou Hermoso na boca sem o seu consentimento, gesto que originou uma forte onda de indignação pública e institucional.
A pressão mediática e política levou à demissão de Rubiales duas semanas depois. A jogadora espanhola, apoiada pelas suas colegas e por entidades internacionais, tornou-se num símbolo da luta contra o assédio e o machismo no desporto.
Caso com eco internacional
Este processo marcou um ponto de viragem no futebol feminino e no debate sobre a igualdade de género e o respeito no desporto de alta competição. A condenação agora confirmada surge como um sinal claro de que comportamentos abusivos, mesmo em contextos de celebração, não serão ignorados pela justiça.
A advogada de Hermoso, bem como representantes da Federação Internacional dos Jogadores (FIFPro), consideraram a decisão “um passo importante na responsabilização de figuras públicas por condutas inaceitáveis”.