O recordista de vitórias de etapa no Tour de França refletiu sobre a sua carreira, as lesões e a “eterna” polémica do dopagem, numa entrevista a talkSPORT. O britânico garante que o desporto está mais limpo.
Numa semana em que tivemos duas notícias de suspensões por doping no ciclismo, o caso de Vinícius Rangel e Oier Lazkano, Mark Cavendish fala nesse tema polémico do desporto.
Uma das maiores lendas vivas do ciclismo, Mark Cavendish, não se furtou a abordar os temas mais sensíveis do desporto. Numa entrevista recente, o “Manx Missile”, que detém o recorde absoluto de vitórias de etapa no Tour de França, falou abertamente sobre a sua trajetória marcada por altos e baixos, e sobre a luta contra o doping.
Cavendish, que viu várias gerações passarem pelo pelotão, desde a era de Lance Armstrong até ao ciclismo moderno, defende a integridade do seu desporto, apesar do passado turbulento.
A Luta Pessoal e o Regresso Épico
O britânico relembrou os momentos mais duros da sua carreira, quando o vírus Epstein-Barr o afastou da competição: “Normalmente, leva um par de meses a recuperar, mas no meu caso foi mal diagnosticado e deixou-me de rastos durante um par de anos”, confessou.
A sua carreira foi marcada por frustração e lesões, levando-o a uma fase onde o seu futuro era incerto, especialmente em 2020. “Ninguém me oferecia um lugar. Havia corredores que nunca tinham ganho nada e encontravam equipa antes de mim. Foi duro aceitar isso”, recordou. Foi Patrick Lefevere quem lhe deu uma nova oportunidade no Soudal-Quick Step, permitindo-lhe o renascimento e a conquista da vitória recordista no Tour.
O Eterno Debate: “Sempre Haverá Trapaceiros”
Questionado sobre a recente suspensão do ciclista espanhol Oier Lazkano, Cavendish foi prudente, mas categórico na sua defesa do sistema antidoping:
“O ciclismo nunca se poderá livrar totalmente do seu passado, mas dedica tempo, esforço e dinheiro a combater o doping. Sempre haverá trapaceiros, mas também um sistema forte que os deteta.”
Para o corredor da Ilha de Man, o problema não é exclusivo do ciclismo: “Não se trata de dizer: ‘Sou um trapaceiro, por isso serei ciclista’. Não funciona assim. Acontece em todos os desportos, no entretenimento, nos negócios… em qualquer lugar onde se mova dinheiro ou poder. A diferença é que o ciclismo investiu mais do que qualquer outro desporto para detetá-los”.
A Relação com Lance Armstrong
Sobre a sua amizade com Lance Armstrong, o britânico mostrou-se sincero: “Sim, foi um ídolo para mim quando era criança. O Lance tratou-me muito bem quando estava a começar. Ganhou mais do que ninguém e também perdeu mais do que ninguém. É assim que este desporto é.”
O veterano ciclista conclui que o panorama atual é incomparavelmente mais limpo: “Eu não teria conseguido fazer o que fiz se o ciclismo continuasse a ser como há vinte anos. Hoje compete-se com controlos, transparência e um sistema que protege os honestos.”







