Os testes de MotoGP em Sepang coincidem com a estreia do Mundial de Superbike, em Phillip Island, algo que está a gerar polémica entre equipas e adeptos, além de levantar dúvidas sobre a coordenação entre organizadores.
A pré-temporada de 2026 mal começou e já há polémica no paddock. Pela primeira vez, os calendários da MotoGP e do Campeonato do Mundo de Superbike (SBK) entram em conflito direto, facto que está a gerar críticas, bastante perplexidade entre fãs, equipas e até pilotos.
Qual o ponto de discórdia? As datas coincidentes entre os testes oficiais da MotoGP — marcados para os dias 6 e 7 de fevereiro, em Sepang (Malásia) — e a primeira ronda do Mundial de Superbike, agendada exatamente para o mesmo fim de semana, em Phillip Island (Austrália).
Choque de agendas
A coincidência de datas é absolutamente inédita e foi algo que apanhou a comunidade do motociclismo, no geral, completamente de surpresa. Tradicionalmente, ou pelo menos até à data de hoje, a organização da MotoGP e da Superbike (ambas sob a alçada da Dorna Sports) costumam coordenar os calendários para evitar sobreposições, permitindo aos fãs e até aos meios de comunicação acompanharem ambos os campeonatos sem conflito.
No entanto, este ano, algo parece ter falhado. Enquanto as equipas da MotoGP se preparam para revelar as suas motos e cores oficiais em Kuala Lumpur, as superbikes vão já disputar a primeira corrida da época em território australiano.
“É um erro estratégico que cria confusão e prejudica a visibilidade das duas competições”, comentou um antigo dirigente de equipa citado pela imprensa espanhola.
Estreias e ausências de peso
A coincidência é particularmente sensível porque a grelha do SBK 2026 promete fortes emoções: Danilo Petrucci e Miguel Oliveira representarão a BMW, Jake Dixon e Somkiat Chantra estarão na Honda, e Xavi Vierge correrá pela Yamaha. Além disso, a nova Ducati Panigale V4 R 2026 fará a sua estreia oficial — um momento que, em condições normais, teria um total destaque mediático.
Com o MotoGP a monopolizar atenções em Sepang, muitos temem que o impacto mediático da estreia da Superbike seja particularmente diluído, especialmente nas plataformas digitais e na cobertura televisiva internacional.
WorldSBK vs MotoGP comparison ⏱️🇭🇺 nearly 0.4 faster in FP1 already.#MotoGP #HungarianGP pic.twitter.com/Isa0DMjBtY
— Crash MotoGP (@crash_motogp) August 22, 2025
O precedente de 2025 e o “mistério” de 2026
Em 2025, o calendário foi cuidadosamente ajustado: os testes da MotoGP em Buriram decorreram dez dias antes da abertura da temporada de Superbike, permitindo uma fluidez tanto de cada evento como da cobertura de cada uma. A ausência desta mesma linha de pensamento, para a temporada de 2026, está a ser apontada como um lapso organizacional por parte da Dorna. Porém, ainda não há qualquer explicação oficial por parte da Dorna, mas fontes próximas das equipas sugerem que condicionantes logísticas e de clima poderão ter influenciado a escolha das datas, especialmente no caso da Malásia e da Austrália, onde as condições meteorológicas variam rapidamente no mês de fevereiro.
Consequências e incertezas
Com os testes da MotoGP na Tailândia agendados para 21 e 22 de fevereiro, e a estreia do campeonato marcada para 1 de março, também em Buriram, é expectável que a Dorna ainda possa rever o alinhamento do calendário nas próximas semanas. O impacto da sobreposição, todavia, vai muito além da logística: além das implicações mediáticas, comerciais, há também as questões técnicas, isto porque, já que algumas fábricas — como Ducati, Yamaha e BMW — competem simultaneamente nas duas categorias, o que complica consideravelmente a gestão de recursos e atenção de patrocinadores.
Para já, a comunidade motorizada fica a aguardar por um possível ajuste de datas ou, pelo menos, uma explicação oficial por parte da organização. Uma coisa é certa: a temporada de 2026 ainda nem começou e já está envolta polémica às mãos do organizador.










