Procuradora Marta Durántez Gil enfatizou que “não há dúvida” de que o gesto não foi consentido
O Ministério Público espanhol reiterou esta quarta-feira o pedido de dois anos e meio de prisão para Luis Rubiales, ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), devido ao beijo não consentido dado à jogadora Jenni Hermoso na final do Campeonato do Mundo de 2023, na Austrália.
Durante as alegações finais do julgamento, realizado em San Fernando de Henares, nos arredores de Madrid, a procuradora Marta Durántez Gil enfatizou que “não há dúvida” de que o gesto não foi consentido.
“Não houve pergunta, não houve resposta, houve surpresa”, disse a procuradora, sublinhando a “total coerência” da versão de Jenni Hermoso e o seu comportamento, “imediato e posterior”, ao relatar os factos em tribunal.
Rubiales também enfrenta acusações de coação, juntamente com Albert Luque, ex-diretor da seleção masculina, Jorge Vilda, antigo selecionador nacional, e Ruben Rivera, ex-diretor de marketing da federação.
“Eles fizeram o que Rubiales e o gabinete presidencial queriam”, afirmou Durántez.
“Todos queriam protegê-la, mas o facto é que ninguém fez nada por ela além de cometer um crime de agressão sexual e outro de coação”, acrescentou.
O caso envolve alegadas pressões para que Jenni Hermoso minimizasse a gravidade do episódio, razão pela qual o Ministério Público mantém o pedido de um ano e meio de prisão para cada um dos envolvidos.
“Estamos diante de uma jogadora que enfrentou todo o poder da Federação e de um presidente que, não só tinha muito poder, mas tinha tudo”, reforçou a procuradora, dizendo que Jenni Hermoso é uma mulher “com valores”.
Durante o julgamento, Rubiales garantiu que a jogadora lhe deu permissão para o beijo, mas Jenni Hermoso desmentiu essa versão, insistindo que foi beijada contra a sua vontade pelo então presidente da RFEF, a quem se referiu como “chefe”.
Desde o polémico episódio, a vida de Luis Rubiales mudou drasticamente. O ex-dirigente demitiu-se da presidência da RFEF a 10 de setembro de 2023 e, a 30 de outubro, foi suspenso pela FIFA de todas as atividades relacionadas com o futebol.