A capa polémica do livro autobiográfico de Jorge Nuno Pinto da Costa, que exibe o dirigente ao lado de um caixão, foi uma escolha intencional para transmitir a naturalidade com que encara a morte.
Na apresentação oficial de Azul até ao Fim, o tão aguardado livro autobiográfico de Jorge Nuno Pinto da Costa, o presidente honorário do FC Porto abordou uma questão que tem suscitado curiosidade e polémica: a escolha do caixão na capa do livro. A decisão de expor este símbolo tão forte foi, segundo o próprio, uma forma de expressar a sua visão sobre a mortalidade e a vida.
“Com esta idade e depois de tudo o que vivi, encarar a morte é algo natural,” explicou Pinto da Costa, na Alfândega do Porto, perante uma audiência repleta de amigos, fãs e figuras ligadas ao clube. Aos 86 anos, o presidente mais icónico do FC Porto considera que a morte não deve ser um tabu. “Quando sentimos que já vivemos tanto, acho que devemos encarar a morte com naturalidade, não como uma desgraça,” acrescentou, frisando que a capa foi uma escolha pensada para ser, em si mesma, uma última homenagem ao clube e ao seu percurso de vida.
A Simbologia do Caixão e da Bandeira do FC Porto
Para Pinto da Costa, o caixão na capa do livro é muito mais do que um elemento visual: representa o fecho de um ciclo que se confunde com a sua própria existência. A escolha de colocar a bandeira do FC Porto ao lado do caixão e o título Azul até ao Fim são uma mensagem de que a sua vida foi marcada por um profundo compromisso com o clube. “Sessenta anos da minha vida foram dedicados ao FC Porto. Tenho muito orgulho naquilo que fiz, com a ajuda de muita gente que compôs as minhas direções,” afirmou, relembrando os vários troféus conquistados durante o seu mandato.
Um Legado que Vai Além do Futebol
Apesar de ser uma figura marcante e às vezes polémica, Pinto da Costa destacou que o livro foi inicialmente pensado apenas como um registo pessoal, especialmente após a descoberta de um tumor maligno que o abalou aos 84 anos. “Foi uma forma de desabafar e de confortar a mim mesmo,” confessou, descrevendo o impacto da doença e o modo como a escrita se tornou um meio de lidar com essa realidade.
Com Azul até ao Fim, Pinto da Costa apresenta-se de forma franca e sem rodeios, tal como o caixão na capa: um símbolo que abraça a mortalidade sem receios, mantendo-se fiel às cores do seu clube e ao legado que deseja perpetuar. “A única coisa que peço a Deus é que todos durem até aos 86 como eu,” concluiu, em tom de gratidão.