Presidente do Académico reage às críticas e apela à união dos adeptos em carta aberta
O ambiente em Viseu aqueceu. A má fase do Académico, com apenas uma vitória em sete jornadas da II Liga, desencadeou fortes críticas à gestão de Mariano Maroto López, presidente da SAD, que decidiu reagir com uma carta aberta aos adeptos. O dirigente espanhol, de 63 anos, respondeu aos insultos e reafirmou o compromisso com o projeto desportivo, garantindo que o clube não vai desviar-se do caminho traçado rumo à subida de divisão.
O Académico ocupa atualmente o 15.º lugar da II Liga, um ponto acima da linha de despromoção, e a recente saída de Sérgio Vieira, substituído por Sérgio Fonseca, não serviu para apaziguar o descontentamento. Em resposta, Mariano López assegurou que a mudança de treinador não significa uma rutura, mas sim uma decisão estratégica dentro de um projeto sólido.
“Decidimos a mudança de treinador após um início de época desportiva que assumimos aquém das expectativas. Contudo, não muda a exigência nem o compromisso com a continuidade deste projeto de subida — absolutamente profissionalizado, que não implode ao sabor dos resultados.”
O líder dos “Viriatos” também condenou o clima de hostilidade que tem sentido nas últimas semanas, afirmando que não permitirá que a contestação ultrapasse os limites do respeito.
“Não posso permitir que se tente construir, sobretudo em torno da SAD, qualquer ambiente negativo, de propagação de ofensas, ruído e mentira — algo que ultrapassa largamente a crítica e a desilusão normais no futebol.”
Desde que assumiu a presidência em 2022/23, Mariano Maroto López já viu oito treinadores passarem pelo banco do Académico. Ainda assim, sublinha que o projeto não se resume a resultados imediatos, e reforça o compromisso de longo prazo com o clube e a cidade.
“O projeto é para durar. Não termina com uma desilusão, nem com duas ou três épocas. Mesmo quando conquistarmos a subida, a ambição continuará a ser a mesma.”
Carta aberta de Mariano Maroto López na íntegra
Caros amigos academistas,
Na sequência da recente decisão de mudança da equipa técnica do Académico, quero partilhar convosco uma mensagem de responsabilidade, de exigência e de compromisso. Estou seguro de que serei compreendido.
Com a responsabilidade de quem deve liderar, decidimos a mudança de treinador após um início de época desportiva que assumimos aquém das expectativas. É assim em futebol. Contudo, não muda a nossa exigência nem o compromisso com a continuidade deste projeto de subida — um projeto absolutamente profissionalizado, que não implode ao sabor dos resultados. É, aliás, por isso que este projeto já é uma referência no país: porque veio para ficar. Não termina com a desilusão de um jogo, de uma época, nem de duas nem três. Nem sequer terminará quando conquistarmos a tão desejada subida de divisão. Porque esta é a nossa exigência, e este é o nosso compromisso: estar onde o clube e a região merecem!
Academistas,
Sabemos o que é a pressão natural do futebol — conhecemo-la da Alemanha ao Brasil — e por isso recusamos qualquer gestão ao sabor de um certo ambiente tóxico que tem proliferado. Ceder a isso é característica dos inseguros, dos desfocados e dos desprevenidos. Com a mesma serenidade com que enfrentamos o desafio de subida no Académico, sem obsessão, observamos agora o percurso ascendente dos nossos parceiros do Barra FC. O que muda? Nada, porque o rumo está definido.
Creio poder dizer, com toda a justiça, que a missão que assumimos no Académico — e cujo investimento e esforço têm ido muito além do futebol profissional (veja-se o trabalho e os resultados na formação; veja-se o apoio ao Clube; veja-se a disponibilidade para investir nas infraestruturas fundamentais, assim nos deixem fazer muito mais…) — é reconhecida pela generalidade dos academistas.
Quero também sublinhar o papel essencial dos nossos patrocinadores e parceiros, cuja confiança e compromisso têm sido pilares decisivos neste caminho. São empresas e instituições que acreditam no Académico e que partilham connosco a visão de um projeto sólido, ambicioso e profundamente ligado à cidade e à região. O seu apoio não se mede apenas em contributos financeiros. Mede-se, sobretudo, na forma como se envolvem, promovem e dignificam o nome do nosso Académico. A todos eles, a minha mais profunda gratidão e o compromisso de continuar a honrar esta confiança com trabalho, seriedade e resultados.
É por isso que a minha revolta é maior. Porque não posso permitir que se tente construir, sobretudo em torno da SAD, dos seus profissionais, atletas, staff e demais colaboradores, qualquer ambiente negativo, de propagação de ofensas, ruído e mentira — algo que ultrapassa largamente a crítica e a desilusão normais no futebol.
Recuso em absoluto esse ambiente, porque, está visto, não se compagina com a responsabilidade, a exigência e o compromisso do nosso projeto. Nem com os valores das pessoas que o representam — em particular o nosso investidor! Recuso em absoluto esse ambiente, também, porque só prejudica a nossa equipa.
Ao mesmo tempo, apelo aos verdadeiros valores desportivos, do apoio, da união e do respeito, que são fundamento da identidade academista, e partilhados pela larga maioria de sócios e adeptos. São esses valores que subscrevo aqui, e que continuarei a defender, junto das pessoas que tanto gosto de encontrar, nas ruas de Viseu ou no nosso Fontelo, sempre com a mesma tranquilidade, seja em dias de derrota ou de vitória. Ou seja, depois, no dia da subida.









