O triunfo épico do FC Porto sobre o Bayern Munique na final da Liga dos Campeões de 1987 foi uma noite que ficará para sempre na história do futebol português
No dia 27 de maio de 1987, em Viena, o FC Porto viveu uma das noites mais memoráveis da sua história. Frente ao gigante alemão Bayern Munique, o clube português conquistou, pela primeira vez, a tão cobiçada Taça dos Campeões Europeus, numa exibição de garra, resiliência e magia. Esta vitória foi o culminar de uma caminhada histórica e marcou o início da ascensão do FC Porto como um dos grandes clubes europeus.
O jogo, disputado no Praterstadion em Viena, tornou-se lendário, não só pelo resultado final (2-1), mas também pelo famoso golo de calcanhar de Rabah Madjer, que entrou para a história do futebol mundial. Recordámos a noite mágica, analisando a caminhada até à final, os 11 iniciais e as curiosidades que marcaram esta conquista épica.
De recordar, que o FC Porto já tinha estado muito perto da conquista da ambicionada Taça dos Clubes Vencedores das Taças na época 1983/1984, quando perdeu a muito disputada final frente à Juventus por duas bolas a uma em Basileia.
A Caminhada até à Final: O FC Porto a Rumo à Glória
A temporada de 1986/87 foi histórica para o FC Porto. Sob o comando do treinador Artur Jorge, o clube não era considerado um dos favoritos à conquista da competição, mas foi eliminando adversários de renome ao longo do caminho, mostrando a sua força e coesão enquanto equipa.
1ª Eliminatória: FC Porto vs Rabat Ajax (Malta)
- 1ª mão: FC Porto 9-0 Rabat Ajax
- 2ª mão: Rabat Ajax 0-1 FC Porto
- Resultado agregado: 10-0
O FC Porto começou a sua campanha europeia de forma esmagadora, com uma vitória histórica frente à equipa maltesa Rabat Ajax, num resultado total de 10-0. Esta vitória foi o primeiro passo de uma longa caminhada até à glória.
2ª Eliminatória: FC Porto vs Vítkovice (Checoslováquia)
- 1ª mão: Vítkovice 1-0 FC Porto
- 2ª mão: FC Porto 3-0 Vítkovice
- Resultado agregado: 3-1
A equipa portista continuou o seu bom momento na segunda eliminatória, com um vitória confortável sobre o Vítkovice, avançando assim para os quartos de final. Destaque em especial para André, Celso e Paulo Futre que foram os responsáveis pelos golos da vitória na segunda mão, que permitiram a passagem para os quartos do final.
Quartos-de-Final: FC Porto vs Brøndby (Dinamarca)
- 1ª mão: FC Porto 1-0 Brøndby
- 2ª mão: Brøndby 1-1 FC Porto
- Resultado agregado: 2-1
Nos quartos-de-final, o FC Porto enfrentou uma equipa dinamarquesa que era considerada um adversário complicado. Com uma vitória em casa, no Estádio das Antas e um empate na Dinamarca que permitiu ao FC Porto garantiu um lugar nas meias-finais.
Meias-Finais: FC Porto vs Dynamo Kyiv (União Soviética)
- 1ª mão: FC Porto 2-1 Dynamo Kyiv
- 2ª mão: Dynamo Kyiv 1-2 FC Porto
- Resultado agregado: 4-2
Na meia-final, o FC Porto teve o seu teste mais difícil até ao momento, enfrentando o poderoso Dynamo Kyiv, uma das equipas mais fortes da Europa na época. Duas vitórias suadas por duas bolas a uma e com destaques fortíssimos para Paulo Futre, Celso e Fernando Gomes que apontaram os golos responsáveis pela passagem.
2. A Grande Final: FC Porto vs Bayern Munique
Chegados à final, o FC Porto tinha pela frente um dos maiores clubes da Europa, o Bayern Munique, uma equipa poderosa e experiente. O Bayern já havia vencido a Taça dos Campeões Europeus em três ocasiões e entrava na final como favorito. Mas o FC Porto estava determinado a escrever uma nova página na sua história.
O Jogo: Virada Histórica em Viena
O Bayern Munique começou o jogo de forma dominante e aos 24 minutos colocou-se em vantagem com um golo de Ludwig Kögl, após uma jogada de bola parada. O FC Porto foi para o intervalo em desvantagem e parecia estar a caminho de uma derrota. Mas o segundo tempo trouxe uma reviravolta inesquecível.
Aos 77 minutos, Rabah Madjer marcou o golo do empate, num lance de génio. Recebeu um passe de Juary na área e, de calcanhar, surpreendeu o guarda-redes Jean-Marie Pfaff, fazendo o 1-1. Apenas dois minutos depois, Juary voltou a estar no centro das atenções, completando a reviravolta ao marcar o segundo golo do FC Porto, após assistência de Madjer. O resultado final foi 2-1, com o FC Porto a sagrar-se campeão europeu pela primeira vez na sua história.
11 Iniciais e Treinadores:
- FC Porto (Treinador: Artur Jorge):
- Mlynarczyk (GR)
- João Pinto
- Celso
- Eduardo Luís
- Quim Vitorino
- Jaime Magalhães
- Inácio
- André
- Rabah Madjer
- Futre
- António Sousa
- Bayern Munique (Treinador: Udo Lattek):
- Jean-Marie Pfaff (GR)
- Hans Pflügler
- Andreas Brehme
- Helmut Winklhofer
- Norbert Nachtweih
- Norbert Eder
- Lothar Matthäus
- Hansi Flick
- Ludwig Kogl
- Dieter Hoeneß
- Michael Rummenigge
3. Curiosidades da Noite Mágica de Viena
- O golo de calcanhar de Madjer: O famoso golo de Madjer não só entrou para a história do FC Porto, como também se tornou um dos momentos mais icónicos da história do futebol. O golo foi considerado pela UEFA como um dos mais espetaculares de sempre em finais europeias.
- A reviravolta rápida: O FC Porto virou o jogo em apenas três minutos, entre os 77 e os 79 minutos. Este curto intervalo de tempo tornou a reviravolta ainda mais dramática e memorável.
- Primeiro título europeu: Este foi o primeiro título de uma competição europeia para o FC Porto, algo que colocou o clube no mapa do futebol mundial.
- Juary e Madjer: A combinação entre Juary e Madjer foi perfeita durante o jogo. Madjer assistiu Juary para o segundo golo, depois de ser assistido por Juary no primeiro.
4. A Importância Desta Vitória para o Futebol Português
A vitória do FC Porto em Viena foi um marco não apenas para o clube, mas também para o futebol português. Até então, o Benfica era o único clube português com títulos europeus, mas o FC Porto quebrou essa hegemonia e abriu caminho para um novo ciclo de sucessos internacionais do clube. A partir daí, o FC Porto tornaria-se presença habitual nas competições europeias, conquistando mais três títulos Europeus, a Liga dos Campeões em 2004 e a Taça UEFA em 2003 e a Liga Europa em 2010/11 sob o comando técnico do actual Presidente do FC Porto, André Villas-Boas.
A conquista de Viena foi também um reflexo do crescimento do futebol português a nível internacional, mostrando que clubes de Portugal podiam competir e vencer os maiores da Europa.