Os números não mentem: Bruno Lage somou apenas quatro pontos nas últimas quatro jornadas da Liga.
Uma trajetória preocupante que começa a levantar questões sobre o rumo do Benfica e sobre a capacidade do treinador em reverter o declínio de desempenho da equipa. Rogério Azevedo, jornalista do “A Bola” coloca o dedo na ferida ao traçar um paralelo curioso entre Lage e João Pereira, o antigo treinador do Sporting.
João Pereira e Bruno Lage: diferentes caminhos, resultados semelhantes
João Pereira, criticado pela alegada incapacidade de comunicação e pela inexperiência para liderar uma equipa como o Sporting, somou quatro pontos em quatro jogos de Liga antes de ser substituído. Derrotas com Santa Clara e Moreirense, uma vitória sobre o Boavista e um empate com o Gil Vicente compõem o seu curto percurso.
Por outro lado, Bruno Lage, com um currículo substancial que inclui passagens por Benfica, Wolverhampton e Botafogo, alcançou os mesmos quatro pontos nas últimas quatro jornadas pelo Benfica. Empate com o Aves SAD, vitória sobre o Estoril e derrotas com Sporting e SC Braga espelham um rendimento aquém das expectativas.
Apesar da vasta experiência, Lage enfrenta críticas semelhantes às dirigidas a João Pereira: gestão inadequada de jogadores-chave, como Otamendi e Pavlidis, e uma comunicação pouco eficaz.
Início fulgurante, mas queda inevitável?
Rogério Azevedo destaca que Lage tem um histórico de entradas fortes nas equipas que treina. No Benfica, em 2018/2019, conquistou a Liga com um desempenho avassalador. No Wolverhampton, alcançou o 10.º lugar na Premier League na primeira época. E no Botafogo, começou com 12 pontos nos primeiros seis jogos.
Contudo, o padrão preocupa: o rendimento das suas equipas tende a cair abruptamente. Este fenómeno repetiu-se no Benfica 2019/2020, no Wolverhampton 2022/2023 e no Botafogo, onde deixou a equipa após cinco jogos sem vencer.
O que está em jogo?
A comparação com João Pereira, embora simbólica, não deixa de ser inquietante. Um treinador que iniciou a época com nove vitórias consecutivas na Liga agora luta para justificar a sua continuidade. A falta de consistência exibicional e as recentes derrotas com adversários diretos, como Sporting e SC Braga, agravam as dúvidas.
O próximo teste, frente ao SC Braga na Taça da Liga, será decisivo. Um desaire poderá reforçar o “sinal de alerta” e pressionar Rui Costa a tomar medidas.
O Benfica em risco de estagnar?
Para Rogério Azevedo, a resposta a esta crise exige mais do que resultados: “Se a equipa não melhorar em termos exibicionais e não recuperar confiança, Bruno Lage pode não resistir à pressão.”
Com a segunda volta da Liga prestes a começar, o Benfica encontra-se numa encruzilhada. Será Bruno Lage capaz de inverter a tendência e evitar que o “sinal de alerta” se transforme numa crise irreversível?