Benfica desloca-se amanhã a Arouca para o jogo da 12ª jornada da I Liga, partida tem início às 18h00
Qual o impacto teve a reviravolta operada no jogo de quarta-feira no grupo?
“Não é só o sentimento que trazemos do último jogo, é o sentimento que trazemos dos últimos três meses e isso é que é o mais importante. Olharmos para trás e, a cada momento que temos oportunidade para crescer e evoluir… Fizemos mais uma reviravolta no Mónaco, foram três preciosos pontos e deu-nos essa felicidade momentânea. São três meses de muito trabalho. Para terem uma ideia, nestes últimos três meses tivemos 58 treinos, desses 58 treinos tivemos 23 com o plantel completo e desses 23, quer treinos a seguir ao jogo ou antes do jogo como o de hoje, tivemos nove treinos. São nove treinos em três meses. Não é só olhar para o que de bom aconteceu no Mónaco, mas sim para o que viemos a fazer nestes três meses. E isso é que nos dá a confiança e também a responsabilidade de amanhã continuarmos com este nosso momento.”
O rendimento de Di María tem subido a olhos vistos. Pode-se diz que é a peça-chave deste Benfica?
“Aquilo que há a realçar é o rendimento da equipa, porque realmente estamos muito satisfeitos com toda a gente. Falando do Di María, estamos muito satisfeitos com ele porque ele realmente é um grande jogador, tenho o grande prazer de trabalhar agora com ele e perceber que também é um grande homem. O exemplo disso é vê-lo, nos últimos minutos, sentado no banco e a sofrer tanto, como se de uma final do Campeonato do Mundo se tratasse. A forma como ele sofria e depois comemorou a vitória com os colegas. A gestão é nós olharmos para cada um de forma individual e perceber como tirar o rendimento dos jogadores. É como eu disse anteriormente, ele não tem tratamento especial, nós temos é de olhar para eles enquanto indivíduos porque eles recuperam de formas diferentes. Uns recuperam melhor do que outros, de três ou quatro dias de intervalo entre jogos, e depois é tomar as melhores decisões a partir disso.”
Sendo Otamendi é um dos jogadores com mais minutos. Não que havia necessidades de uma maior rotação devida ao elevado número de jogos?
“Está a tocar no Nico e o Nico tem sido um campeão. Aproveito até para reforçar a sua questão, porque ele está nomeado para o melhor onze da FIFA e é um privilégio ter jogadores deste calibre no nosso plantel. O Nico regressou da seleção da Argentina com um pequeno toque e que vinha com a ideia recuperar bem para o Mónaco e, quando percebeu que o Tomás não estava disponível para o jogo, deu dois passos em frente para jogar frente ao Estrela. É um bocadinho de tudo, mas fundamentalmente a mentalidade. Há outra coisa que ajuda na recuperação, que são os resultados. Os resultados positivos e exibições positivas ajudam. O Nico tem tido um bom rendimento. Dei hoje os parabéns aos jogadores porque a linha defensiva, os quatro, estiveram muito bem. É um trabalho que levamos muito a sério porque realmente tinha de ser em unidade, todos a correr em unidade, a correrem juntos, quer vertical como horizontalmente. São uma linha defensiva coesa como foi a nossa é que poderia travar os ataques verticais e a velocidade do Monaco. Jogar de três em três dias ou de quatro em quatro há sempre o risco de lesão, por isso é que eu disse que temos de olhar para cada um deles, independetemente da idade, há jogadores que recuperam melhor do que outros. Dois bons exemplos, de dois jogadores que recuperam muito bem, um deles é o Nico e o outro é o Fredrik. Recuperam bem e ao segundo ou terceiro dia noto sinais de uma recuperação muito boa. Tem, claro, a ver com a forma como se tratam fora de campo.”
O Benfica realizou sete jogos em pouco menos de um mês a gestão de Di María tem sido fundamental: Considera popupar o jogador para estar apto para os jogos decisivos da Champions e frente ao Sporting? Pode explicar a famosa roda no final do jogo com o Mónaco? A mensagem que passou era mais para dentro ou para fora?
“Vou começar pela roda. Nem foi uma mensagem para dentro nem para fora. No meu entender, o que se passou foi um ato de liderança. Terminou o jogo, cumprimentei o quarto árbitro, vou em direção ao meio-campo para cumprimentar o árbitro e senti realmente uma grande alegria e um sentimento de dever cumprido e o que eu fiz foi exatamente isso, elogiar pelo esforço da vitória, transmitir crença no processo, no trabalho, no treino e depois de visão: felizes por aquela vitória, mas há um futuro pela frente de sete ou oito jogos até ao final do ano que serão muito importantes para nós. Mais do que comunicar, foi um ato de liderança que senti que devia ter feito naquele momento. A nossa natureza tem de ser essa, ficámos felizes pela vitória, mas não podemos estar satisfeitos, principalmente quem treina o Benfica não pode ficar satifeito com isso. A nossa visão é mais, queremos mais, por isso é que tenho dito nos últimos tempos que o nosso objetivo no campeonato, com os jogos que temos pela frente até ao final do ano, é chegar ao 2.º lugar e reduzir distâncias para o 1.º lugar. Sobre a primeira pergunta, a gestão tem de ser de todos porque temos de ter esta visão e temos de ter os olhos na bola. A gestão é diária. O Di María não jogou no Bayern Munique para ser poupado para os jogos seguintes foi porque eu acreditei que aquela era a melhor estratégia e onze para aquele jogo. E é assim que eu vou decidindo. A cada momento, o rendimento dos jogadores, perceber como recuperam… porque nós não temos margem de erro nas competições que enfrentamos por isso a gestão tem de ser diária e o compromisso tem de ser o jogo de amanhã. E o jogo de amanhã é frente a um adversário muito competente, que gosta de ter a bola. Acabei de ver muitos jogos do Arouca agora com o Vasco [Seabra]. Vi o jogo com o Sp. Braga, em que o Sp. Braga faz um bom jogo e vence o Arouca, mas o Arouca também teve mais posse de bola. O Vasco já demonstrou no ano passado que é competente e que pode vencer as equipas grandes. O nosso jogo de amanhã é de Champions e a nossa visão amanhã tem de ser de jogar com qualidade durante os 90 minutos e vencer o jogo. Aproveito também para referir sobre a gestão do plantel. Penso que o único jogador que ainda não jogou connosco foi o Tiago [Gouveia], por lesão. Todos os outros já tiveram oportunidade de jogar.”
Arthur Cabral foi importante nos últimos dos jogos. Quais os planos para ele, pode ser uma ameaça a Pavlidis? Tem alguma plano B para a defesa no mercado de janeiro?
“Sobre os centrais, é um assunto fechado. Estamos muito satisfeitos. Temos o Nico, que é da seleção argentina e campeão do Mundo. Temos dois centrais jovens e formados na casa, que também representam a Seleção Nacional e ainda temos um miúdo que é o Adrian [Bajrami], que está a aprender com estes três. Esta é a nossa política. Ter sempre gente competente de fora, gente competente de casa e gente nova pronta para aprender. Não há plano B, pelo menos de fora para nada. O que temos em vista são os miúdos que chamamos constantemente para treinar connosco nas variadíssimas competições. Eu tenho dito isto, não há lugares garantidos. É em função do rendimento. O Arthur não ameaça ninguém, o Arthur, o Zeki e o Pavlidis trabalham para a equipa. Há uns tempos falava-se da crise de avançados, e agora olhamos e último jogo cada um deles marcou o seu golo e com movimentos de ponta-de-lança muito interessantes e isso é que nos deixa muito satisfeitos. Os pontas-de-lança estão a aprimorar alguns movimentos que eu gosto na área, os golos de cabeça não surgem por acaso porque eles têm trabalhado muito. E depois ter jogadores competentes numa ala e na outra, eles vão certamente encontrar os avançados na área. Isso é que me deixa satisfeito, olhar para os avançados e ver que temos o Pavlidis com 6 golos, o Arthur com 4 e o Zeki com 4 também. Isso é que é importante para a equipa.”
Já conversou com Di María e Rui Costa sobre a renovação, uma vez que contrato termina do final da temporada? Di María revelou há dias que tinha tirado o curso de treinador, gostava de o ter na sua equipa técnica?
“Eu acho que é tão gratificante o que ele está a fazer, não vamos estar a projetar o futuro. Ainda faltam pelo menos sete meses para acabar a época. A nossa exigência para com ele é igual à dos outros. Estamos muito felizes com ele. Ainda há um tempo atrás, um colega seu perguntou-me se era o melhor golo que eu tinha visto ao vivo [a bicicleta ao Estrela], eu não sei se foi o melhor golo que vi ao vivo como treinador, mas é certamente um golo que nos irá marcar e que vamos recordar para sempre. Ainda hoje o Prestianni marcou um golo de pontapé de bicicleta e como ele é tão pequenino o Nico já estava a dizer que era um golo de triciclo porque de bicicleta era o do Di María. Este é o estado de espírito que nós temos. É o momento que estamos a viver. Vamos viver o momento e ajudar o Di María naquilo que for, cá estarei para decidir aquilo que for o melhor para a equipa. Se temos o Ricardo Rocha, podemos ter também o Di María um dia no banco. São jogadores com uma enorme experiência. O Ricardo Rocha tem tido um papel determinante, com a linha defensiva, com os esquemas táticos. São tudo jogadores e com experiência de jogador que nos tornam uma equipa técnica mais forte. Mas espero que continue a jogar por mais anos, porque tem competência e a forma como ele vive o futebol, a forma apaixonada como vibrou com o último jogo, o salto que ele faz para dentro das quatro linhas, é de alguém que está a desfrutar do momento e que está a gostar de jogar pelo Benfica.”
Referiu que uns dos objetivos era recuperar pontos ao Sporting e chegar ao 2.º lugar, para tal é preciso que os rivais percam pontos. Tem fé nisso ou acredita que eles vão cair?
“É uma questão de crença no nosso trabalho. Se conseguirmos vencer os nossos jogos até ao final [do ano], nós vamos conquistar o 2.º lugar e vamos reduzir a diferença pontual para o 1.º classificado. É crença no trabalho, isso é o mais importante.”