José Mourinho fez a antevisão do confronto entre o SL Benfica e o Newcastle.
José Mourinho, treinador do SL Benfica, fez a habitual conferência de imprensa, que antecede o confronto com o Newcastle a contar para a 3.ª jornada da Liga dos Campeões, agendado para esta terça-feira, dia 21 de Outubro, às 20h00.
Este jogo é tudo ou nada?
“Relativamente às eleições, jogar no Benfica por si só encerra pressão, responsabilidade e não é para todos, mas é suficiente essa pressão inerente a ser treinador e jogador do Benfica. Não é justo e não nos preparamos para isso. Preparamo-nos para o jogo, como foi para sábado e como será para sábado, tentanto esquecer que há eleições porque o nosso trabalho é outro. Estão 18 pontos em disputa, depois de amanhã serão 15… se fizermos 15 qualificamo-nos. Nao precisamos de 15, 14, 12, 12… o de amanhã não é decisivo, mas vamos jogar a pensar que sim.”
Sente algo de especial quando vem a este estádio?
“Eu sentia sempre qualquer coisa especial mesmo antes do mister [Bobby] Robson partir. Depois disso senti a proximidade, que mesmo com as pessoas que amamos, o dia a dia leva-nos a passar ao lado da saudade. Há locais que nos fazem abrir a porta para que essas pessoas entrem no nosso pensamento. Trabalhei com o mister Robson seis anos e não passava um dia que ele não mostrasse a paixão por Newcastle cidade e clube, o orgulho com que falava… nunca escondi que o Newcastle foi sempre um clube querido, obviamente por influência de uma lenda deste clube.”
O que a equipa ainda não tem e precisa?
“Se calhar vencemos e não precisamos de nada mais. Pode ser que no fim digamos que não nos falta nada para ganhar aqui. Vamos ver. Há um adversário pela frente, muitas vezes há um plano que se consegue pôr em prática e noutras não. Depois as pessoas pensam que o plano era errado, mas às vezes é por culpa do adversário. Vamos jogar contra uma equipa muito forte. Os menos profissionais olham para a classificação da Premier e ficam enganados relativamente ao potencial da equipa. Equipa organizada, com jogadores escolhidos a dedo pelo Eddie, muito organizada, física, bons jogadores nas alas. Um estádio que joga com eles. As pessoas vêm aqui para jogarem com a equipa. Vai ser complicado, mas também acho que vai ser para eles.”
Quão especial é este estádio?
“Não é só o estádio, é o clube, a história, a paixão dos adeptos, o poderio económico que lhes permite sair de uma situação complicada e ganhar pela primeira vez em décadas como ganharam a Taça da Liga. Que lhes permite jogar duas épocas na Champions. São uma equipa que está perto de coisas maiores, que esta gente merece. Cultura de Chelsea, Arsenal, Tottenham é diferente desta zona. Adoro jogar aqui. Disse isso aos jogadores, que mesmo como adversário é fantástico jogar aqui.”
Antes do jogo, assinava um empate?
“Não, eu disse o mesmo com o Chelsea e perdemos. Se calhar devíamos ter aceite o empate. Queremos jogar e dentro das limitações estamos preparados. Se viéssemos aqui treinar, seria impossível treinar. Sabemos que vão querer levar o jogo para o lado que são mais fortes e nós temos que levar para outro contexto.”
Eleições no Benfica:
“Temos que tentar estar isolados desse contexto. A nossa missão é outra. Temos que estar isolados desse contexto. Ser jogador e treinador do Benfica não é fácil. Os adeptos querem vitórias e bons jogos e isso é mais do que suficiente para estarmos motivados. A situação eleitoral seria pressão extra se estivéssemos focados nela e não estamos.”
O que o deixa frustrado por não ter conseguido ainda incutir na equipa?
“Nada me deixa frustrado, apesar de ter sido a terceira vez na carreira que agarro a equipa com o campeonato em andamento. Benfica, Tottenham e agora novamente Benfica. Não posso dizer que tenho muita experiência, nisto, mas sei que é muito mais difícil, sem tempo para trabalhar, discutir coisas internamente. O Eddie tem jogadores do perfil que ele quer, conforme quer jogar. Quando se chega a meio da época não se pode estar frustrado. É o que é. Não cheguei a meio, mas com o comboio em andamento, mas tenho que me adaptar sem frustração. Manu? Pensamos que vai estar a treinar connosco na próxima semana de forma global. Faz muitas coisas com controle, mas na próxima semana pode integrar o trabalho normal com a equipa. No final de novembro já estará em condições de jogar.”
Sobre a saída de Isak para o Liverpool:
“Eu acredito que no final todos sabiam que ele ia Liverpool. Isak e Woltemade são diferentes e há sempre períodos de transição, mas este menino parece que está aqui há muitos anos. O Newcastle está a fazer as coisas bem.”
Importância de Bobby Robson na sua carreira:
“Uma coisa são as oportunidades que ele me proporcionou. Levou-me para Barcelona e isso para um jovem, com o tempo que passei lá, foi uma experiência incrível. Aquela porta é gigante e foi aberta por ele. Outra coisa foi o que aprendi a nível futebolístico e humano. A confiança que ele colocou em mim. Naquele periodo, o adjunto tinha um espaço apertado, hoje em dia é diferente. Os adjuntos têm mais liberdade. Isso foi muito importante e sei que dei tudo o que tinha.”
Em algum momento recusou o Newcastle? Se isso aconteceu…. arrepende-se?
“Eu não me arrependo. Nunca recusei o Newcastle. Já recusei alguns clubes, com respeito, mas o Newcastle nunca entrou em contacto comigo. Para ser sincero, eles não precisam de um treinador. Isso quer dizer que tudo está bem para o clube e para o Eddie e é o que lhes desejo. Neste momento, não haveria outro clube que me motivasse e me fizesse mais feliz do que o Benfica. Eu não trocaria o Benfica por nenhum outro clube no mundo neste momento.”
“Quando fui embora de Inglaterra, pensei que Newcastle não estava longe. A primeira vez que jogaram Champions foi há três anos. É um processo para o clube. Quando fui para a Roma, joguei na Conference e Europa League, então não houve oportunidade de voltar. No Fenerbahçe ganhámos ao Feyenoord e perdemos com o Benfica. Estar aqui é ótimo para mim. Apesar de ter 200 jogos na Champions, Champions é Champions. É sempre uma grande emoção. Gostaria também de dar as minhas condolências à familia de Stewart Pearce.”
Veja o momento na íntegra através do vídeo a seguir:









