Sporting defronta o FC Porto em encontro referente às meias-finais da Taça da Liga. Jogo está marcado para amanhã, às 19h45
Vai optar por gerir a equipa nesta prova?
“Acima de tudo, ambição. Temos alguns jogadores de fora que não podem dar o contributo, e o plantel não é assim tão grande. Mais do que a gestão, temos de ter algum cuidado com um ou outro jogador que possa estar mais cansado, é a ambição de chegar à final, que pode dar-nos a conquista de um troféu. Se formos perguntar aos jogadores… Claro que há sempre o cansaço, ainda para mais com competições europeias, internas… Mas se perguntar aos jogadores, vão dizer que preferem jogar sempre quarta-domingo-quarta-domingo. Mais do que o cansaço físico, tem de prevalecer a ambição, o que representa o jogo, que nos pode colocar na final de uma competição”.
O FC Porto jogou pouco mais de 14 minutos no último encontro frente ao Nacional. Isso pode ser decisivo em termos de cansaço?
“Claro que queria ter toda a gente disponível, mas não olho às limitações, mas sim a quem está presente e pode dar o seu contributo. Olhando também para o que o adversário pode causar. É certo que o FC Porto não tem essa sobrecarga e nós tivemo-la em Guimarães. Tudo isso pode ter alguns senãos, mas não me foco muito nisso. Foco-me no que podemos controlar. O FC Porto é uma equipa bastante dinâmica, intensa. A ambição tem de prevalecer. Acredito mesmo nisso, e os jogadores têm essa noção. Querem ganhar, acrescentar troféus, dar troféus à grandeza do Sporting. Mais do que tudo, a ambição tem de prevalecer. Vai haver momentos em que estaremos cansados? Sim, mas o adversário também estará. A ambição e motivação têm de estar sempre connosco, até por aquilo que representa este jogo”.
Que importância tem este jogo, uma vez começou com um dérbi e de seguida uma deslocação a Guimarães? Pode servir para recuperar a confiança dos jogadores?
“Eles estão confiantes, já disse isso antes. Esqueçam, não está desconfiada. Isso não pode existir. Estamos nas competições todas e vamos tentar ganhá-las. Neste clube a exigência é essa, temos isso bem ciente. É para isso que vamos lutar, independentemente da exigência dos jogos. Não precisamos de confiança, precisamos é de comportamentos novos. Não temos tido tempo para treinar, mas os jogadores têm sido fantásticos. A equipa deu uma resposta muito boa até tendo em conta as ideias do novo treinador. Muito feliz com a resposta da equipa. Vão adquirir os novos comportamentos aos poucos e temos trabalhado nesse sentido. Mas é sempre melhor treinar. Estou feliz com o que têm feito e conseguido. Sinto que se estão a agarrar ao que queremos e pedimos e isso foi bem claro nos dois jogos. Vai levar tempo, mas não tendo esse tempo para ir buscar esses comportamentos, a resposta tem sido muito boa. Vamos errar, não há problema, eu assumo esses erros. Fico triste é se não se agarrarem e não tentarem fazer as coisas. Eles têm feito um esforço enorme nesse sentido. Temos tentado ser competitivos durante mais tempo durante os jogos. Temos de trabalhar sobre isso”.
Quanto tempo acha que precisa para ter a equipa como quer? Gonçalo Inácio está disponível?
“Sim, o Gonçalo Inácio está dentro, pode ser opção. Claro que teve uma paragem algo prolongada e vai precisar de algum tempo para adquirir a parte física. Tempo? O tempo é subjetivo. Podemos andar aqui o ano todo e achar que podemos sempre melhorar alguma coisa. Vocês falam do sistema, já disse que isso é subjetivo. Mas claro que há dinâmicas diferentes, defensivas e ofensivas. Vai levar algum tempo. Mas vai faltar sempre tempo. Sou um treinador que acredita muito na repetição. E nós não temos tempo para repetir as coisas em treino. O tempo será sempre relativo. Mas claro que sinto que há essa vontade de aprender deles. E estamos a tentar, ao máximo, ajudar nesse sentido, seja em campo ou em forma visual. Vai depender sempre da capacidade deles, de adquirirem algumas coisas. Mas independentemente de estarmos longe ou não do que quero, a equipa tem dado uma resposta fantástica. E isso, para mim, sobrepõe-se a tudo o resto. Estão competitivos, exigentes com eles mesmos, e confiantes. Aos poucos, cada vez mais. Acima de tudo, termos alguma humildade para perceber que, nos jogos, não vamos ter momentos tão bons como queremos. E durante o jogo, isso sim, não deixar criar desconfiança e dar confiança ao adversário. E talvez seja isso que está a acontecer nas 2.ªs partes. Em vez de simplificarmos algumas coisas, estamos a complicar. E isso passa confiança ao adversário. Temos de ser mais práticos em alguns momentos”.
Do que se tem visto, o Sporting cai na segunda parte dos desafios? É uma questão física?
“É difícil responder dessa forma a isso. Acho que estão prontos em termos físicos. Mas é claro que a exigência dos dois jogos foi grande, especialmente na 1.ª parte. Fomos sempre uma equipa bastante competitiva e intensa. Perdemos algum fulgor físico nas 2.ªs partes, mas julgo ser normal. Mas mais do que isso, causámos confiança ao adversário para conseguir ganhar metros, ter mais bola… Foi o que aconteceu com o Benfica e com o Vitória. Tentámos sair sempre curto. Contra o Vitória, na 1.ª parte, criámos perigo porque eles davam-nos espaço na profundidade. Temos de ser mais práticos, perceber o que o adversário nos está a dar. Com o 3-1 em Guimarães, houve se calhar algum relaxamento nesse sentido, não fomos tão rigorosos e deixámos sempre o Vitória acreditar na pressão alta deles. Nunca os empurrámos para trás. Ficámos expostos, sim, quando já estávamos a perder por 4-3. Com o Benfica foi um bocadinho igual. Sempre a sair curto e o espaço existia na profundidade. Fosse com o avançado, com médios, com extremos… Temos de estar mais ligados ao jogo nas 2.ªs partes e perceber que temos de manter o rigor e a concentração”.
Gyökeres referiu que era inaceitável a equipa sofrer 4 golos. Entendeu isso como uma crítica à equipa técnica ou aos defesas?
“À equipa técnica? Eu disse o mesmo. É tão simples quanto isso. É normal e concordo com ele. Uma equipa que quer ser campeã… Perdemos alguma concentração, entrámos em algum relaxamento e custou-nos caro. Uma equipa que quer ganhar sempre, não pode estar a ganhar 3-1 e deixar virar o jogo. Temos de melhorar alguns comportamentos. Defesa? Não, senti que foi um desabafo. É uma equipa campeã nacional. E claro que o Vitória teve algum mérito, mas também houve demérito nosso. Essa falta de concentração não pode existir, principalmente nas 2.ªs partes. Perdemos um bocado essa concentração no processo ofensivo, mais do que no defensivo”.
Que importância atribui à Taça da Liga, um troféu que pode ganhar pela primeira vez?
“Tenho sempre oportunidade de ganhar um título, mesmo nos outros clubes… A importância é grande. Estamos nas meias-finais, queremos chegar à final. Mas é a minha ambição desde que nasci, se calhar por isso cheguei ao Sporting. É focar-me no jogo do FC Porto, isso não muda nada. Perceber o que o adversário tem de bom e de menos bom e, depois sim, pensar na final e no troféu se isso acontecer. Ainda temos de ganhar dois jogos muito difíceis. Mas claro que a felicidade de entrar na história do Sporting engrandece-me a mim, à equipa técnica e aos jogadores”.
A sua maior derrota esta temporada foi precisamente frente ao FC Porto. Sendo que esse jogo já jogou em setembro o que ainda se pode retirar dele?
“Não me foco muito nisso. Treino outra equipa, jogadores diferentes. Foco-me no que a minha equipa poderá fazer para contrariar o FC Porto. Estão num momento bastante positivo. São muito fortes em duelos, defensivamente. Teremos de ser exigentes connosco nos duelos. É uma equipa que, em termos ofensivos, tem dinâmicas com médios, extremos por dentro, o Galeno como falso lateral. Têm algumas dinâmicas em termos ofensivos. Acredito que a equipa está preparada para o que pode encontrar, mas o FC Porto sabe que também vai encontrar uma equipa motivada e a querer chegar à final. Seremos fortes à nossa maneira. Acima de tudo, acredito que será um bom jogo”.
A defesa tem sentido algumas dificuldades para se adaptar às novas dinâmicas? De que forma vai gerir os quatro elementos da defesa?
“Os homens mais importantes a defender são os dois da frente, não é só o quarteto defensivo. Há comportamentos específicos, seja da linha defensiva ou da média, a que não estão habituados. Coisas que peço diferentes. Em alguns momentos eles, com o Ruben, até já defendiam em 4x4x2, mas se calhar o Ruben pedia uns comportamentos e eu outros. Precisam de errar, perceber. E não temos tido esse tempo no campo para identificar o erro. ‘Percebes? Se for assim, faz sentido ou não?’. Gosto sempre que se sintam confortáveis com o que estou a passar. Só tenho sucesso se acreditarem naquilo que peço. Se exigir e eles não acreditarem, vai dar ‘barraca’. Acima de tudo, sinto que estão agarrados. Mas falta-nos treino nesse sentido. Temos ajudado com algumas coisas em vídeo, mas não é a mesma coisa. A parte visual do campo é totalmente diferente. Temos tentado corrigir uma ou outra coisa. Gosto de perguntar se faz sentido para eles, de perceber o conforto deles. Caso contrário não conseguirei tirar partido deles. Sinto que nos dois jogos que fizemos foi demonstrativo isso, que estão ligados às ideias. Estou tranquilo”.
Fresneda pode sair após a Taça da Liga? Se isso acontecer, vê que essa posição fique carenciada?
“É simples. Se alguém sair, ficaremos carenciados, e aí acredito que teremos de ir ao mercado. Seja na direita ou em qualquer posição. Fresneda é opção para jogo. É isso que sinto. Olho para ele como jogador do Sporting”.
Edwards está indisponível para este jogo? João Simões tem 18 anos, está na sua cabeça a renovação?
“Do Simões? Isso tem de estar na cabeça do presidente, não é para mim. Feliz pelo facto do miúdo fazer 18 anos, estava a meter-me com ele porque parece que tem 25, é muito maduro em campo. É bastante comunicativo. Surpreendeu-me bastante. Desejo-lhe as maiores felicidades do mundo. Edwards? Está em dúvida, estava ali com uns problemas próprios dele, do tempo agora também, das gripes. Está em dúvida para o jogo”.
Pode dizer quem vai ser o titular da baliza do Sporting amanhã? Israel tem sido alvo de algumas críticas e há rumores da possível chegada de um reforço para a baliza. Tem confiança nos guarda-redes que tem à disposição? O Callai é aposta?
“São os três opção. A malta da comunicação falar dos jogadores é natural, e agora que cheguei a um grande clube é todos os dias. Chegam médios, guarda-redes, laterais-direitos, esquerdos, avançados… Estou desligado disso. Focado nos que tenho. Estou sempre a dizer isso, mas sempre fui assim. São coisas naturais do futebol, das equipas. É tão natural que não faz sentido pensar nisso todos os dias. Entrar e sair gente é tudo natural. Se sair alguém entrará alguém, por norma é quase sempre assim. Guarda-redes? Confiança nos três. Gestão? Já rodei, não rodei. É perceber o momento…”.