Judoca foi quatro vezes vice-campeã mundial e seis vezes campeã da Europa
A judoca Telma Monteiro anunciou esta quarta-feira o fim da sua carreira olímpica, após não conseguir a qualificação para os Jogos Olímpicos de Paris’2024. A atleta, que conquistou a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016, revelou que tomará uma decisão sobre o seu futuro após a participação no Campeonato Nacional de equipas, no qual representará o Benfica.
“Na próxima semana tenho o Campeonato Nacional de equipas, no qual vou representar o Benfica e, depois, a partir daí, vou ver qual vai ser o meu futuro”, declarou Telma Monteiro aos jornalistas durante o Fórum Nacional de Atletas, evento organizado pela Comissão de Atletas Olímpicos (CAO), que decorreu na sede do Comité Olímpico de Portugal (COP).
A quatro vezes vice-campeã mundial e seis vezes campeã da Europa afirmou que, apesar de não ter conseguido a vaga para a sua sexta participação olímpica (o que a teria tornado na primeira mulher portuguesa e na primeira judoca do mundo a atingir esse feito), a sua caminhada olímpica chegou ao fim.
“[Já tinha decidido que] os Jogos Olímpicos de Paris seriam os meus últimos Jogos, seria o meu último ciclo olímpico, portanto, isso é uma decisão que já está tomada”, referiu a atleta.
Não obstante, de não ter garantido a qualificação, Telma Monteiro esteve presente em Paris a convite do COP, experiência que, segundo ela, ajudou a “fechar um ciclo emocional” de forma positiva, especialmente no contexto da recuperação da sua grave lesão (em novembro de 2022, foi submetida a uma operação ao ligamento cruzado anterior, ao ligamento lateral interno e ao menisco).
“Sinceramente, eu fui com algum receio de ser emocionalmente muito forte para mim, porque era uma coisa ainda muito recente na altura. Eu tinha acabado de não conseguir qualificar-me por todo o processo que eu tive, com a minha lesão. Portanto, era bastante emotivo. Eu fiquei a um combate, uma vitória de conseguir qualificar-me de forma direta e, portanto, estava com receio, mas a experiência que eu tive nos Jogos Olímpicos foi mesmo muito, muito boa”, admitiu.
Telma Monteiro relatou que conseguiu “estar alegre” por viver a experiência olímpica através dos seus colegas, dizendo mesmo que foi algo muito bom do ponto de vista emocional” e psicológico para si. “Quando fui à Aldeia Olímpica, foi um dia difícil para mim. Emocionalmente, acho que foi a única coisa que foi realmente muito difícil, quando estive na Aldeia Olímpica, e pensar que queria ter estado lá como atleta, mas todo o resto da experiência que eu tive junto dos atletas, junto da seleção nacional de judo, vi a Patrícia [Sampaio] ser medalhada [nos -78kg], vi outras conquistas de outros amigos no judo internacional, então acabei por encerrar este ciclo emocional de uma forma muito boa”, partilhou a judoca.
O convite para estar em Paris foi feito pelo presidente do COP, José Manuel Constantino, que faleceu a 11 de agosto, no último dia dos Jogos de Paris’2024. “Não foi só um presidente muito especial, muito próximo dos atletas, mas era uma pessoa muito sensível. Eu já tinha tido uma lesão antes, já tinha sido operada antes, ao joelho, a outra lesão, e ele já me tinha dito que se eu não fosse, que ele me levaria. Eu sempre disse ‘não, mas eu vou conseguir’. Era uma pessoa mesmo muito especial, muito próxima de nós, com quem podíamos falar de uma forma muito simples, muito direta e fiquei sensibilizada, mas, sendo ele a pessoa que era, sabíamos que isso podia acontecer e foi muito especial esse convite”, concluiu a judoca