Decisão judicial impede ex-líder dos Super Dragões de defender-se presencialmente
O Tribunal de Instrução Criminal do Porto rejeitou o pedido de Fernando Madureira, antigo líder dos Super Dragões, e da sua esposa Sandra para marcarem presença na Assembleia Geral extraordinária do FC Porto. O casal pretendia participar na reunião magna onde será votada a sua expulsão de sócios do clube.
Fundamentação da Decisão Judicial
Na decisão a que a agência Lusa teve acesso, o tribunal apresentou uma fundamentação clara para o indeferimento do pedido. O documento destaca que, tratando-se apenas de uma votação sobre a expulsão de sócios, não existe necessidade de produção de prova que exija a presença dos arguidos. O tribunal sublinhou ainda que não está em causa a aplicação de qualquer pena criminal ou contraordenação, sendo apenas uma decisão relacionada com o estatuto de sócios do clube.
Particularmente relevante na decisão judicial foi a preocupação com a manutenção da ordem pública. O tribunal manifestou apreensão quanto ao “efeito perturbador e de exaltação” que a presença dos arguidos poderia provocar durante a assembleia, considerando existir um risco significativo para a tranquilidade do evento.
Contexto da Assembleia Geral e Operação Pretoriano
A Assembleia Geral extraordinária, agendada para sábado no Dragão Arena, marca mais um capítulo significativo num processo que teve início com os incidentes ocorridos durante outra AG em novembro de 2023. A reunião, que começará às 9 horas, irá deliberar sobre os recursos apresentados por seis associados, incluindo o casal Madureira.
O processo ganhou maior dimensão em janeiro de 2024, quando a Operação Pretoriano resultou na detenção de 12 pessoas. Fernando Madureira encontra-se desde então em prisão preventiva, enquanto Sandra Madureira está impedida de frequentar recintos desportivos, situação que já por si condicionaria a sua presença na assembleia.
Impacto no FC Porto e Decisões Disciplinares
O caso teve repercussões profundas na estrutura do FC Porto. A direção do clube, agora liderada por André Villas-Boas, tomou uma posição firme ao participar formalmente dos associados acusados na Operação Pretoriano. O Conselho Fiscal e Disciplinar do clube decidiu pela expulsão de quatro sócios, incluindo Fernando e Sandra Madureira, além de Vítor Catão e Vítor Aleixo.
Outras sanções foram aplicadas, como a suspensão de Carlos Nunes por um ano e penalizações menores para outros associados envolvidos. Os sócios visados tiveram 30 dias para recorrer das decisões, sendo estes recursos o objeto da próxima Assembleia Geral.
Mais recentemente, em dezembro, o Tribunal de Instrução Criminal do Porto decidiu levar a julgamento todos os 12 arguidos da Operação Pretoriano, mantendo os termos exatos da acusação inicial. Esta decisão veio reforçar a gravidade dos acontecimentos e a necessidade de medidas rigorosas para preservar a integridade institucional do clube.
A Assembleia Geral de sábado representa assim um momento crucial para o FC Porto, que procura encerrar um dos capítulos mais conturbados da sua história recente, agora sem a presença física dos principais visados no processo.