Ugarte deu uma entrevista ao canal do clube de Alvalade e fez algumas revelações mágicas
O ex jogador do Sporting, que rumou em direção a Paris, onde irá defender as cores do PSG, mostrou o seu coração de Leão e vontade de um dia regressar ao clube de Alvalade. Releia a segunda parte da entrevista dada por Ugarte ao canal do Sporting CP:
— O que é melhor para si, um grande desarme de carrinho ou um golo?
— Desfruto mais com um carrinho.
–Mesmo com poucos golos para mostrar?
— Sim.
— Afinal, o Ugarte é um número 6 ou um 8?
— Agora mais um número 6. Às vezes tenho de me habituar nesta posição mas no Sporting sempre fui um 6.
— Foi uma evolução para si?
— Jogava mais na frente e isso também enriquece o meu nível, mas agora sim, sou 6 e aprendi muito. No Famalicão não era metade do jogador que sou agora e isso também é muito importante para mim.
— Porque escolheu o 15 aqui no Sporting?
— Gostava muito do cinco mas na altura já estava ocupado. Gostei do 15.
— Tem número incríveis em termos de recuperações de bola na última época. Gosta daquele confronto físico, dentro das leis, dentro de campo?
— Sim. Para mim é natural. Jogo assim e na equipa também já todos sabem como jogar e que trabalho têm de fazer. Fico confortável no confronto físico.
— Imagine que estava aqui em campo e lhe aparecia pela frente o Ugarte. O que lhe fazia?
— Tentava fazer-lhe uma cueca e acho que conseguia [risos]. A mim dão-me muitas cuecas.
— Dar tudo em campo é o mais importante?
— Sim, sempre joguei assim e sempre jogarei porque é a minha maneira de ser e de jogar. Fui muito feliz no Sporting.
— Qual o momento mais feliz em Alvalade?
— O mais feliz foi quando estava no balneário com Pedro, o nutricionista, no jogo com o Arsenal depois de ser expulso. Estava a ouvir os penáltis e, quando passámos na Liga Europa, esse foi um dos momentos mais felizes.
— O Coates disse que o Manu fez de propósito ao ser expulso para não marcar os penáltis…
— Isso fica para mim…
— Mas ia ouvindo os golos enquanto marcavam os penáltis…
— Antes de ver, estava a ouvir. Era uma tortura mas, pronto, correu bem e esse foi um momento incrível. Só fiquei com pena de não poder ir ao campo para festejar com os meus companheiros mas festejei com o Pedro.
— Qual o momento mais complicado que viveu aqui?
— É difícil sempre que se perde jogo, fico sempre um bocado chateado, triste.
— Como vive com esses momentos? Fecha-se?
— Guardo muito para mim. São coisas que tenho de melhorar, falar mais e tento desligar-me um bocado do futebol.
— Como é que reage aos ‘corredores da morte’?
— Acho que o mister tem alguma coisa contra mim, está sempre a bater-me… Mas também já dei algumas fortes.
— Quantas vezes já passou por aquele túnel?
— Muitas… O Paulinho dá forte.
— É o que dá mais forte?
— O Paulinho não sei o que tem contra mim. Deve estar apaixonado.
— A 23 de novembro de 2021 estreou-se pela seleção do Uruguai. O Sporting também foi fundamental nisso?
— Sim, muito importante. Por isso também estou muito agradecido porque tive a possibilidade de jogar na seleção e para um jogador é muito importante estar lá. O Sporting tem grandes jogadores e vir para aqui aprender foi muito bom. Foi um passo muito grande. Estou na seleção graças ao Sporting.
— Como reagiu quando soube que o seu nome estava na convocatória para o Mundial de 2022?
— Fiquei muito, muito feliz. Estava em casa e foi incrível porque às vezes começo a pensar que ir a um Mundial com 21 anos é incrível. Não joguei mas desfrutei muito e nisso há muito mérito do Sporting.
— Estava um bocadinho nervoso antes da concentração?
— Estava muito nervoso. Sou muito assim antes duma convocatória. Agora estou um bocado melhor e já relaxo um bocado mas sempre antes da convocatória fico assim, bem como antes dos jogos.
— Como é que faz para ultrapassar esse nervosismo?
— Tento desligar-me mas é difícil. Vivo muito o futebol.
— Jogar um encontro da Liga dos Campeões ou frente ao último classificado da Liga é igual?
— Sim, sempre. No Uruguai já era assim. Independentemente de contra quem jogo, mostro sempre muita raça. A mentalidade é assim e nunca vai mudar.
— Como foi jogar na Champions e na Liga Europa?
— Na América do Sul o top é a Champions. No FIFA jogava Champions e nunca acreditei que ia jogar, apesar de sonhar. Graças ao Sporting joguei Champions, gostei muito. Isso é algo muito importante para um jogador, competir contra as melhores equipas.
— Ainda joga FIFA?
— Sim, continuo, continuo. É muito bom.
— É melhor do que quem?
— Do que o Seba [Coates], seguramente; melhor do que o Paulinho, do que o Franco [Israel].
— E pior do que quem?
— Não sei como joga o Inácio, mas deve ser melhor do que eu. O Pote joga muito bem; o Dani [Bragança], também. Tenho de melhorar.
— Vai sentir falta das brincadeiras?
— Sim, muito, com todos. São relações no futebol que vou ter de manter. Quando tiver dias de folga, vou cá estar.
— E vai sentir falta dos adeptos do Sporting?
— Sem dúvida. Quando cheguei senti muito carinho e agora ainda mais. Sempre que vou jantar, as pessoas abordam-me com boa disposição, muito carinho e isso é o grande que tem o Sporting. Estou muito agradecido a eles; o ambiente em Alvalade é único.
–– Como é quando se houve o ‘Mundo Sabe Que’?
— Canto sempre, embora não saiba a letra na perfeição, porque começam a cantar a música e o árbitro começa o jogo antes dela acabar. Às vezes estou a jogar e a tentar cantar. Isso é único e característico do Sporting. É muito bonito.
— Prefere dançar a cantar?
— Sim.
— Dança muitas vezes ou foi só na comemoração da Taça da Liga?
— Tenho de ter muita confiança. Às vezes sou tímido. Os movimentos de dança são mais de miúdo.
— Como aprendeu a dominar tão bem o português?
— Quando cheguei não sabia muito e comecei a pôr as legendas em português e depois de quatro/cinco meses já dominava a língua. Ainda não está perfeito, mas já domino bem.
— Como será agora o francês?
— Tenho de ter aulas porque não sei nada.
— De que vai ter mais saudades?
— Do dia a dia. Vir para a Academia, tomar aqui o pequeno almoço, depois almoçar, falar com os cozinheiros. Vou ter muitas saudades e dos jogos em Alvalade. Vou ter saudades das viagens da Academia para o estádio. Um bocado triste por isso mas é um passo que vou ter de dar para crescer como jogador.
— Quem deu mais: o Ugarte ao Sporting ou o Sporting ao Ugarte?
— Muito mais o Sporting a Ugarte. Deixei sempre tentar tudo mas o Sporting deu-me tudo. Não só no futebol mas também fora, que é muito importante. Isto muito agradecido ao Sporting e vou ter muitas saudades.
— Leão para sempre?
— Leão para sempre.
— Espera regressar um dia?
— Sim. Gostaria muito de voltar. Vamos ver. Agora vem uma nova etapa depois se verá.
— O mate vai consigo ou fica com Coates?
— Vou levar porque é algo que me faz lembrar o Uruguai e vou manter, de certeza.
— Uma mensagem aos adeptos…
–Quero agradecer a todos, senti sempre muito carinho e vou ter muitas saudades de Alvalade cheio. Espero voltar um dia.
— As emoções já passaram?
— Já não tenho mais água no corpo.