Filho de Amílcar Morais Pires, ex-administrador do BES, tenta recuperar montante bloqueado no processo judicial
Frederico Morais Pires, candidato a vice-presidente do Benfica na lista de Luís Filipe Vieira, volta a estar em destaque devido à sua ligação ao processo Banco Espírito Santo (BES). O gestor, filho de Amílcar Morais Pires, antigo administrador financeiro do grupo e um dos principais arguidos do caso, tem quatro milhões de euros apreendidos pelas autoridades judiciais, valor que tem tentado recuperar nos últimos anos.
A relação de Frederico com Vieira não é recente. O seu nome surgiu no processo após a apreensão de uma mensagem enviada há 12 anos ao então presidente do Benfica, na qual expressava apoio total e disponibilidade para ajudar na gestão do clube. Esse documento, encontrado durante as investigações do colapso do BES, acabou por ligar o gestor à esfera pessoal e desportiva do ex-líder encarnado.
Uma ligação que surgiu nas investigações
A mensagem, hoje parte integrante do processo BES, continha o seguinte excerto:
“A minha missão é a de ajudar, a de aconselhar e de o ajudar a ver o Benfica de outra maneira, através dos olhos de uma pessoa a quem o Presidente pode confiar a 100%, porque nada tenho a ganhar com isto se não ficar feliz o ano inteiro porque o seu clube ganha.”
O texto, apreendido pelos investigadores, foi analisado no contexto de uma série de comunicações e movimentações financeiras associadas a Amílcar Morais Pires, então suspeito de ter desempenhado um papel central nas decisões que levaram à queda do BES em 2014.
Embora Frederico não seja arguido no processo, o bloqueio dos seus ativos decorre da ligação patrimonial e familiar ao antigo responsável do banco.
Tentativas de recuperação do dinheiro
Nos últimos anos, Frederico Morais Pires tem apresentado diversos recursos e pedidos de desbloqueio dos fundos apreendidos, argumentando que o montante não está diretamente ligado a práticas ilícitas. No entanto, as autoridades mantêm as verbas sob controlo, integradas no processo de recuperação de ativos do BES, um dos mais complexos da justiça portuguesa.
Fontes próximas do caso referem que a ligação entre as contas familiares e estruturas financeiras do grupo Espírito Santo dificulta a distinção entre bens pessoais e valores considerados de origem duvidosa, o que tem travado a devolução dos montantes.
Um candidato com passado controverso
Agora, aos 45 anos, Frederico Morais Pires surge como candidato a vice-presidente do Benfica nas eleições marcadas para 25 de outubro, integrando a lista de Luís Filipe Vieira. A sua presença tem gerado reações dentro do universo benfiquista, especialmente devido ao contexto judicial que envolve a família Morais Pires e o colapso do BES — um dos maiores escândalos financeiros da história recente de Portugal.
Ainda assim, na mensagem apreendida e agora recuperada, Frederico apresentava-se como “alguém em quem o presidente pode confiar a 100%”, sublinhando que o seu único interesse seria “ver o Benfica ganhar”.
O caso BES e os arguidos
O processo Banco Espírito Santo investiga crimes de burla qualificada, branqueamento de capitais, abuso de confiança e falsificação de documentos, entre outros, num caso com mais de uma centena de volumes. Entre os principais arguidos estão Ricardo Salgado, Amílcar Morais Pires, pai de Frederico Morais Pires, José Manuel Espírito Santo e outros ex-responsáveis do grupo.
A apreensão dos quatro milhões de euros de Frederico insere-se na estratégia de preservação de ativos para eventual recuperação de fundos do universo Espírito Santo, que deixou milhares de lesados e perdas superiores a 3,5 mil milhões de euros.











