Ex-campeão britânico relata no livro “The Chain” o ataque rumo a La Toussuire, admite que ponderou abandonar e revela reconciliação com Froome em 2021.
O episódio que abalou a Sky
Bradley Wiggins revisita no novo livro o momento de tensão no Tour de França de 2012, quando Chris Froome atacou na subida a La Toussuire enquanto o britânico vestia a amarela. O líder foi surpreendido e descreve o gesto como uma rutura na hierarquia interna da equipa.
Segundo Wiggins, o incidente “foi o último que esperava” e expôs fragilidades de confiança num contexto de controlo total do plano de corrida.
“Ponderei ir-me embora”
No rescaldo dessa etapa, Wiggins admite que, já no hotel, chegou a pensar abandonar a prova. A convicção de que a vitória exige alinhamento absoluto dentro da equipa levou-o a considerar a saída imediata perante o que entendeu como ameaça interna.
O episódio marcaria a relação entre os dois britânicos. “A partir desse momento deixei de confiar no Froome”, escreve o vencedor do Tour 2012.
Reconciliação quase uma década depois
Wiggins revela que apenas em 2021 procurou fechar o capítulo. O objetivo passou por resolver um desconforto “demasiado prolongado”. O ex-ciclista descreve Froome como “um tipo encantador” e reconhece que também terá contribuído para feridas antigas.
A reaproximação foi importante para ambos, num gesto que Wiggins apresenta como pessoal e tardio, mas necessário.
Para lá da estrada, um retrato cru
“The Chain” aborda ainda temas sensíveis da vida e carreira de Wiggins, do peso da alta competição a episódios pessoais delicados. O registo procura enquadrar a pressão das grandes voltas, a gestão de egos e o impacto emocional de liderar uma equipa com ambições máximas.
O livro coloca em perspetiva o ciclo britânico que se seguiu, com a hegemonia de Froome após 2012 e o papel da estrutura na definição de papéis em corrida.
Legado e leituras para o presente
O relato reforça a importância da disciplina coletiva em provas por etapas. A subida a La Toussuire surge como símbolo de como pequenas fraturas internas podem ameaçar grandes objetivos, mesmo em equipas dominantes.
Ao mesmo tempo, a reconciliação tardia sugere um fecho de ciclo entre duas figuras que marcaram uma era recente do ciclismo mundial.










