Piloto Português falou pela primeira vez das razões da sua saída da KTM…
Faltam poucos dias para voltar aos comandos de uma MotoGP, em Sepang, na Malásia, a 5 de fevereiro para os primeiros testes da época, e Miguel Oliveira concedeu uma alargada entrevista ao jornalista espanhol Manuel Pecino, na qual abordou entre outros temas as suas primeiras sensações na Aprilia, das espectativas para a nova época e explicou pela primeira vez de uma forma direta aquilo que o fez deixar a KTM…
Começando pelo tema mais sensível, Miguel Oliveira não teve problemas em reconhecer o muito de bom que viveu na KTM, mas houve um momento que considera fulcral para o declínio da relação e que viria também a refletir-se na capacidade da mota que tinha:
“É complicado (sobre a saída da KTM). Seguramente que não me levantei e disse que acabou. Foi um processo. Com a ausência de Mike Leitner começaram a notar-se mudanças fundamentais na estrutura. Eu como piloto apreciava muito o Mike na box e tudo o que nos dava. Era uma pessoa com muita experiência, colocou a KTM onde colocou. Era uma presença boa no projeto. Com a chegada do Francesco Guidotti notou-se uma mudança do rumo técnico, que é uma pessoa experiente que chegou e, a pouco a pouco, começou a colocar as suas ideias em prática. Mas para que chegassem a algo concreto precisavam de mais tempo do que eu esperava. Esta gestão de expectativas foi a maior deceção que tive. Pensei que com a sua chegada poderíamos dar um passo maior. Cheguei a um ponto em que me senti claramente superior ao que tinha entre as pernas. E quando te dás conta, e não encontras tecnicamente maneira de superá-lo, chega esta vontade de abraçar outras coisas. Há esta oportunidade, é altura de aproveitar. Foi isso que aconteceu com a KTM. Sempre falei bem deles, deram-me uma oportunidade estupenda, mas creio que os resultados e o que posso fazer é muito mais do que fiz com eles”, reconheceu o piloto, lançando já as bases do que espera para esta temporada, falando das “corridas de Sprint” uma novidade da nova época:
“O objetivo é trazer um produto diferente no sábado. A Fórmula 1, pelo seu formato, atrai muita gente para ver a qualificação, porque as posições que saem daí são as posições da corrida no final. No sábado, ao nível competitivo, converte-se num espetáculo para saber o que se vai passar no domingo. No MotoGP não diria tanto… Creio que o objetivo é acrescentar no sábado. Será mais duro para nós, para os mecânicos, mas creio que correrá bem. Não ficarei louco se as coisas não me correrem bem no sábado. Vai ser importante para os pontos do campeonato. As nossas corridas já são quase sprint, se reduzes as voltas… vai ser de faca nos dentes até final! Creio que vai trazer muita emoção. Aqui teremos todos de olhar para a nossa situação de corrida a corrida e deixar que o entusiasmo leve o que tem de levar”.
Em relação às expectativas, o piloto luso foi cauteloso, embora os primeiros testes em Valência tenham sido ótimos, Miguel Oliveira procura “manter os pés assentes no chão”:
“Encontrei uma moto com um ponto de travagem mais suave. O que fiz num dia, com 80 voltas, para mim surpreendeu-me. Não foi um dia em que fui cómodo na moto. As coisas iam saindo e a moto aceitava o que fazia. Estou um pouco desconfiado, porque não quero estar muito contente com o que se passou, nem acredito que os testes de Sepang ou Portimão indiquem como será a temporada. Se as coisas não saírem como em Valência, não vou ficar louco e vou continuar a trabalhar.”