Tudo o que disse o treinador portista na conferência de antevisão ao jogo frente ao Rio Ave…
O duelo relativo à 21.ª jornada da Liga Bwin está marcado para amanhã, sábado às 20h30 no estádio do Dragão, e na antevisão o técnico portista aproveitou para esclarecer o seu ponto de vista de ter tantas baixas por lesão neste momento:
“Num mês fizemos 10 jogos. E depois não são só os jogos… Está provado também que tudo o que seja menos de quatro dias de descanso, aumenta em seis vezes o risco de lesão. Temos de olhar para as 72 horas, se são mesmo 72 horas, porque não são. Cada vez mais as operadoras que têm os direitos televisivos querem mais jogos, e jogos de qualidade, e nós temos de andar aqui em viagens. Se vou a Viseu e jogo às 20h45 e chego ao Dragão às 3h30 da manhã e chegam a casa às 5h00 da manhã… Não são 72 horas de descanso. É por isso que estou aqui com estes dados. O trabalho não difere em nada nestes seis anos ou na preparação dos jogos. Temos de olhar para tudo para termos espetáculo. Os jogadores estão preparados, mas depois é o resto. São mais propícios a lesões. Horários, viagens… É uma questão que merece reflexão“
Recorde aqui tudo o que disse o Treinador:
Que análise faz ao ao Rio Ave? Este é o melhor momento do FC Porto apesar das lesões?
“É mais um adversário para o qual temos de olhar com respeito, um adversário difícil. Temos muitas baixas e menos opções, no fundo”.
Pepe disse que o FC Porto podia jogar de 4 ou 5 maneiras diferentes. Os jogadores que estão no boletim clínico são todos baixas? Solução para colmatar isso é mudar o sistema?
“Isso faz parte da estratégia para o jogo, depois se mudamos ou metemos variantes e ‘nuances’ nas dinâmicas vai depender daquilo que os jogadores que temos à disposição, olhando também para o adversário e definindo o que para nós é mais importante, pensando no que é a nossa equipa. Estão oito jogadores de fora e deixo aqui um apelo: não tendo gente para completar o banco, peço que o 12.º jogador, neste caso o 19.º e o 20.º, seja o público. Isto é um apelo que faço a sócios, simpatizantes, adeptos que gostem da cor azul e branca: apareçam amanhã para nos apoiar, precisamos disso certamente. Lembro-me de uma ou outra assobiadela contra o Vizela depois de termos vencido a Taça da Liga, o que é absolutamente normal, são adeptos exigentes que querem sempre ver a equipa a cilindrar, mas nem sempre é possível. Perceber o momento é importante e daí o meu apelo para todos os adeptos”.
Na primeira volta venceu o Sporting e depois perdeu em Vila do Conde. O que fez agora de diferente?
“Trabalhei. Eu e os jogadores, com os que tenho à disposição, para perceber o que correu mal em Vila do Conde. Essa foi a pior 1.ª parte que tive enquanto treinador, não é muito difícil fazer um bocadinho melhor. Vai ser preciso muito mais para ganharmos o jogo amanhã, perante uma equipa que tem boas individualidades, que ganhou o último jogo e está moralmente bem. Demonstro o respeito que tenho pelo Rio Ave, mas assumo que somos favoritos e que temos a responsabilidade. Queremos muito os três pontos”.
Até que ponto estas lesões estão a dificultar o seu trabalho? Que gestão pode fazer?
“Não há como pensar no próximo jogo, não tenho jogadores. Gestão? De quem? De jogadores que não existem? A nossa Liga dos Campeões é amanhã contra o Rio Ave, às 20h30”.
Quando deverá regressar o Otávio?
“Não tenho perspetiva. Tenho uma ideia de que o Otávio deverá regressar esta semana. Está definido que regresse amanhã, e depois é dar continuidade ao que o departamento médico definiu neste período. Mesmo se as coisas não correram às mil maravilhas, toda a gente está em sintonia para tentarmos recuperar os jogadores da melhor forma. Tive a oportunidade de dizer que a avaliação que temos de fazer sobre um ano atípico seria feito no final, mas perante este cenário temos debatido algumas situações e é fácil perceber o porquê destas lesões. Ficou completamente adensado o calendário antes do Mundial e pós-Mundial. Num mês fizemos 10 jogos. E depois não são só os jogos… Está provado também que tudo o que seja menos de quatro dias de descanso, aumenta em seis vezes o risco de lesão. Temos de olhar para as 72 horas, se são mesmo 72 horas, porque não são. Cada vez mais as operadoras que têm os direitos televisivos querem mais jogos, e jogos de qualidade, e nós temos de andar aqui em viagens. Se vou a Viseu e jogo às 20h45 e chego ao Dragão às 3h30 da manhã e chegam a casa às 5h00 da manhã… Não são 72 horas de descanso. É por isso que estou aqui com estes dados. O trabalho não difere em nada nestes seis anos ou na preparação dos jogos. Temos de olhar para tudo para termos espetáculo. Os jogadores estão preparados, mas depois é o resto. São mais propícios a lesões. Horários, viagens… É uma questão que merece reflexão”.
Pepe disse que só vão dar mérito ao trabalho do Sérgio quando sair de Portugal. Sente o mesmo?
“Tenho de continuar a ganhar. Naquilo que sou, tenho de continuar a ganhar. Se a minha opinião me desse pontos, e nem digo a dos meus jogadores, que é muito importante… A opinião que anda dentro do futebol pode espicaçar-me um bocadinho mais, mas não é importante. Fico extremamente honrado, e vindo do jogador que é… Se amanhã isso me desse três pontos era uma maravilha, tinha de semana a semana alguém a falar bem de mim”.
Espera um Rio Ave fechado ou a jogar jogo pelo jogo?
“Estamos à espera de uma linha de 5 porque tem sido padrão, com Costinha e Fábio Ronaldo nas laterais. Têm jogadores explosivos que atacam muito e bem. Dinâmicas diferentes nos corredores, com Guga e Samaris no meio-campo, um mais posicional e outro mais ‘vagabundo’. O Rio Ave quer dinamizar o seu jogo com bola e tem soluções. André Pereira também entrou bem, Hernâni também, Josué… Esperamos um jogo difícil, muito do que vai acontecer depende de nós, mas olhamos com muito respeito para o adversário”.
Quebra depois do jogo do Sporting na 1.ª volta… Quando olhou esta semana para os jogadores, sentiu que era preciso alertá-los para isso?
“Tirando esta questão do departamento médico e da densidade competitiva, tudo o que vos disse é a extensão do que passo no balneário. A mensagem que passo aqui, passo-a para vocês da mesma forma que passo para os jogadores. A maior parte deles está a ver a conferência, não pensem que não veem, até para ver se depois apanham alguma coisa… A mensagem é estarmos com o brilho no olho, pensarmos que o Rio Ave é a nossa Liga dos Campeões. Vão ser três pontos fundamentais. Não foi o Sporting que perdeu, fomos nós que ganhámos o jogo. Foi o FC Porto que foi ganhar a Alvalade”.
Pepe disse que treinar consigo devia dar equivalência ao 3.º nível de treinador… Sentiu isso com alguém quando jogava?
“Os tempos mudaram. Houve grandes treinadores com os quais tive o prazer de trabalhar, mas sinceramente não é a minha equipa técnica nem eu. Hoje em dia, se for a uma equipa qualquer, encontramos unidades de treino feitos de forma fantástica. O que o Pepe diz é, no fundo, ter uma linguagem simples. Toda a linguagem de balneário e o que se quer para cada jogador, definindo o que somos como equipa e passar para o treino, é simples. Basta ser claro. Obviamente que depois é preciso ajustar. Lembro-me do trabalho base que fizemos no 4x4x2 e depois fomos mudando, consoante os jogadores, qual o trabalho de cada um em diferentes posições. No fundo é preciso ser claro com os jogadores e trabalhar nisso. Depois, se é teórico e não se trabalha no campo… É preciso perceber o que temos de explorar da equipa adversária, em que pontos somos fortes. É simplicidade. É treinar, ser apaixonado pelo que se faz. Depois se é melhor ou pior, são os resultados que ditam. Com a ajuda de todos neste clube nos últimos seis anos… Só com jogadores com mentalidade que nos vai ajudando a crescer é que depois se podem acrescentar esses pontos estratégicos, táticos. É preciso um misto de inteligência e humildade. Há quem não consiga, e infelizmente já tive alguns que não conseguiram. É agradecer ao clube por estes seis anos, não de sucesso total, até porque queria ganhar mais vezes, mas por estes seis anos no geral”.
Nos últimos 20 jogos, só sofreu oito golos. Isto está ligado diretamente à estabilidade de resultados. Face à intensidade do calendário e às lesões, é motivo de orgulho extra?
“É muito importante. Vocês vão ver em que ano temos mais golos neste período e eu não sou um treinador defensivo, muito pelo contrário. Podemos fazer três golos e não levar ponto nenhum, é por isso que a solidez defensiva é importante. É preciso falar sobre os momentos em que não se tem bola, isso é um trabalho de equipa. A nossa linha defensiva mudou com o Cláudio Ramos, Fábio Cardoso… Não é pela linha defensiva, é trabalho de equipa. Tem-me agradado, mas sempre pensando que podemos fazer melhor. É extremamente importante para se ganhar jogos”.
Desde que está no FC Porto, Sérgio já experienciou perder o campeonato depois de ter sete pontos de vantagem e vice-versa. Do ponto de vista atual, como acha que se sente o Benfica?
“Não podemos adivinhar o que os outros sentem. Eu tive essa experiência, mas é preciso olhar para o contexto. Quando perdemos o campeonato, nos últimos dez jogos empatámos uma vez. Esse é um dos campeonatos que está aqui… Sabemos que estamos atrás do Benfica, e a verdade é esta. Não podemos facilitar. O que os outros possam pensar ou não, não tem de nos dizer nada. Temos de olhar para o próximo jogo como uma final, sabemos que o adversário pode perder pontos, e se nós não perdermos, temos a possibilidade de depender só de nós se ganharmos os jogos todos. Ainda ontem tive um jogador que me disse isso”.
Vítor Baía também o elogiou, disse que estava entre os três melhores treinadores do Mundo. Considera-se um treinador de topo? O melhor da atualidade?
“Isso é música para os meus ouvidos, vocês querem-me enganar, não querem? Para escorregar contra o Rio Ave? Vamos ganhar, queremos ganhar muito o jogo. Acho que isso não é importante. Um treinador é a cara de muita gente que trabalha com ele. Quando acontece algo negativo sou eu que levo umas pedradas, mas pronto. Tive a oportunidade de falar da outra vez de trabalho e hoje de resultados. Acho que é por aí. Onde está a régua para medir a qualidade do treinador sem ser os resultados? Tenho tido algum sucesso. Se sou o melhor ou não… O que hei de dizer ao pé de José Mourinho? Não faz sentido. O mais importante é pensar que amanhã vou defrontar o melhor treinador da 2.ª Liga o ano passado. Quando cheguei aqui, tinha semanalmente um exame nas conferências de imprensa. Estou há seis anos em exames e hei de continuar, se quiser ser treinador. Se não, vou para Coimbra para o pé dos meus animais ali na quinta”.
Considera que dificilmente será campeão?
“Se perdermos mais pontos e o adversário ganhar, sendo o adversário o Benfica, não vamos ser campeões…”