Luís Osório celebrou a vida de Cristiano Ronaldo na sua rubrica da TSF.
A irmã de Cristiano Ronaldo, Katia Aveiro é uma irmã babada e repleta de orgulho no seu irmão…
Como tal, não permitiu que o texto de Luís Osório na sua rubrica da TSF, Postal do Dia, ficasse em claro e partilhou-a nas suas redes sociais no dia em que o craque celebrou o feito de ser o primeiro jogador de futebol da história a celebrar 200 jogos por uma seleção nacional:
“POSTAL DO DIA
Cristiano Ronaldo nasceu com o bilhete dos condenados à infelicidade
1.
Cristiano Ronaldo completará hoje na Islândia um impensável número de internacionalizações: o primeiro jogador em toda a história do futebol a jogar 200 vezes por uma seleção nacional!
Um número estratosférico.
E ainda mais inigualável se levarmos em linha de conta que Cristiano já conquistou tudo.
É milionário.
Pode fazer o que lhe apetecer até ao fim dos seus dias.
Poderia estar a gozar a fama e o dinheiro.
Poderia legitimamente oferecer um pouco de descanso ao seu corpo, deixar-se amolecer um bocadinho, gozar as suas casas, as suas piscinas, viajar sem ser em estágio, oferecer férias a si próprio, mas não…
…. Cristiano Ronaldo não o faz.
Quando tantos desistem por não conseguirem aguentar mais viagens.
Quando alguns, também em Portugal, preferem concentrar-se nos clubes por a força já não ser a mesma, por a idade já não ser a mesma, por a família pedir mais presença, por as pernas não darem mais, ele não falha um estágio.
E quando os novos chegam à seleção ele lá está para os receber.
E quando acaba um jogo, o Cristiano, o nosso Cristiano, podre de rico, em vez de se desleixar e gozar o dinheiro, mergulha o corpo em água gelada para recuperar mais depressa para o próximo jogo.
2.
Cristiano Ronaldo é um tipo imperfeito.
Egocêntrico.
Vaidoso.
Individualista.
Num tempo em que se glorificam os perfeitinhos que não fazem mal a uma mosca, os que se fazem de mortos, os sonsinhos que depois por trás escondem vícios e perversidades, é um alívio que Cristiano seja o contrário disso.
Um alívio que, com o seu exemplo, nos tenha provado que não há bilhetes premiados às estrelas ou às chamas eternas.
Cristiano nasceu condenado a não ser coisa nenhuma. Poderia sobreviver, poderia quando muito fazer uma fintas à vida e marcar uns golos de ocasião que escondessem o peso do peso que carregava.
Mas o seu talento, a sua capacidade de trabalho e o pacto que assinou com o destino, virou todas as profecias do avesso.
3.
Cristiano que nasceu quando não era para nascer.
A mãe Dolores já não aguentava mais.
Não podia ter aquele bebé, a comida era pouca, o esforço era muito e por vezes o que havia não chegava para alimentar tantas bocas.
A Dolores quis abortar, mas qualquer coisa a impediu á última hora.
E aquele bebé nasceu.
Há 39 anos, a mãe Dolores tomou a decisão.
Contra tudo e contra todos.
E o bebé veio mesmo.
Com o tal bilhete dos desvalidos que fez por rasgar.
Meteu na cabeça que não iria ser como as sombras.
Que não iria ser como o pai que se rendeu ao álcool – e por isso, Cristiano nunca bebeu uma gota de álcool.
Meteu na cabeça que iria chegar ao topo do mundo.
E meteu na cabeça que nesse caminho para as estrelas nunca se esqueceria de onde veio, amparando toda a gente, fazendo de toda a gente mais do que aquilo que algum dia sonharam.
Hoje, dia em que supera uma marca nunca antes alcançada, é tempo de celebrar o mais perfeito de todos os homens imperfeitos.
Um vencedor apesar de todos os fracassos.
Tempo de celebrar o seu sorriso de menino travesso, o mesmo que tinha quando, há vinte anos, Scolari o chamou pela primeira vez.
Tinha os dentes por arranjar, acne e um corpo magrinho.
Mas tinha o mesmo sorriso e a mesma força interior que só ele e os deuses podem conhecer e descrever.
Eu sou apenas mortal.
Eu e tu.
O Cristiano é outra coisa.
Morrerá como nós, mas a seguir será encaminhado para o jardim dos imortais.
E aí poderá beber um copo de vinho pela primeira vez.
Um vinho da colheita dos deuses.
LO”