André Villas-Boas, candidato à presidência do FC Porto, concedeu uma entrevista ao jornal o Jogo e TSF, onde respondeu às críticas de Pinto da Costa e teceu alguns objetivos para o clube.
Ao contrário do que acontece com o treinador, sobre quem não quis traçar um perfil, já tem definido quem será o diretor desportivo do FC Porto…
Tenho. Isso é fruto da minha experiência e caminhada. Acima de tudo, tenho um conhecimento profundo da minha relação profissional e pessoal com o Zubizarreta, que é uma pessoa totalmente íntegra, difícil de encontrar no mundo atual onde se move muita gente por negócio. A FIFA tentou regular o mercado de agentes e de intermediações e acabou por falhar redondamente por conta das decisões de tribunais de vários países. Portanto, nas direções desportivas têm de estar pessoas íntegras. E eu sei que no caso do Zubizarreta, o FC Porto precisa deste tipo de pessoas, com um conhecimento profundo do futebol, mas que também sabe o que são prioridades e não olha interesses próprios ou alheios para tomar decisões.
Ele ficou surpreendido com o convite?
Foi um processo, não diria duro, mas um processo onde partilhámos muita informação. Relativamente ao futuro, à minha visão, ao que eu quero para uma direção desportiva… sempre olhei para este processo como um processo de transição suave. Ou seja, o FC Porto tem de se encontrar rapidamente com os títulos e para que isso aconteça, na direção desportiva, tem que haver pessoas com as quais eu me relaciono e sei a forma como operam. Porque se eu fosse ao mercado e fizesse uma filtragem entre diretores desportivos, evidentemente teria de lhes dar determinado tipo de liberdade e isso poderia chocar com a cultura de clube. Sei perfeitamente o que é a cultura de clube que eu quero instituir no FC Porto. Gradualmente fomos definindo o que é que pretendemos e estamos perfeitamente alinhados.
Vamos às críticas que têm surgido. O facto de o Zubizarreta não ser português, não ser portista, não ter o ADN Porto…
É um disparate, mas isso é normal. Todas as pessoas que estão nesta candidatura, incluindo os seus sócios, os sócios correspondentes, as pessoas escolhidas, somos todos traidores, incompetentes e com falta de nível. É apenas lamentável uma situação de degradação de valores pessoais que estão presentes neste ato eleitoral.
Há quantos anos conhece o Zubizarreta?
Há muitos. O Zubizarreta tem uma relação pessoal que começou por um primeiro convite que ele me fez para ir treinar a Barcelona. Depois, por diferentes motivos, não chegamos a acordo e acabou por cair por terra por duas vezes. Mais tarde cruzamo-nos, finalmente, no Marselha. É muito curioso porque nessa primeira reunião que tivemos juntos, eu disse-lhe que teria muito gosto de entrar em um clube com a dimensão do Marselha, mas que em 2024 iria ser presidente do FC Porto.
Entretanto, também já anunciou que Jorge Costa fará parte também da sua equipa…
O Jorge Costa entra aqui transportando todos os valores, cultura e ADN Porto como diretor do futebol profissional. Entre os escalões sub-19, equipa B, equipa sénior é a transição mais sensível para os jogadores formados no clube. Tudo isto precisa de uma gestão cuidada, de uma pessoa que saiba precisamente o que são os valores Porto, que ajude também a direção desportiva a enquadrar-se nesta cultura. Ou seja, se temos um presidente sócio há 40 anos, temos uma direção desportiva que se identifica também com estes valores e que sabe perfeitamente o que são os valores FC Porto e depois temos na direção do futebol uma pessoa que representou precisamente estes valores como ninguém. Foi capitão de equipa, tem um número infindável de títulos pelo clube e representa como ninguém o que é esta cultura desportiva. Na fase de acompanhamento das equipas profissionais, o Jorge será esse líder, será esse gestor, será o homem que coordenará todas as equipas que andam à volta das equipas profissionais de futebol do FC Porto.